Nutricionista orienta como a alimentação pode ser aliada no tratamento da endometriose

Nutricionista orienta como a alimentação pode ser aliada no tratamento da endometriose

Uma dieta equilibrada combinada com uma profunda avaliação nutricional é uma aliada fundamental no tratamento de pacientes com endometriose, uma doença inflamatória que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. Trata-se da presença de células do endométrio (uma mucosa que reveste a parede interna do útero) fora da cavidade uterina, podendo atingir ovários, intestino, bexiga. Com isso, em vez de serem expelidas, elas migram para o sentido oposto, voltando a multiplicar-se e a sangrar.

Durante o mês de março acontece campanha “Março Amarelo”, uma ação para conscientização da endometriose com a missão de aumentar o conhecimento sobre uma doença que afeta cerca de 200 milhões de mulheres em todo o mundo. Dentre os sintomas da endometriose estão: dor pélvica crônica, dor ao urinar ou evacuar, dor durante a relação sexual e uma razão comum para a infertilidade.

A nutricionista e conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas do Paraná (CRN-8), Letícia Mazepa, explica que o acompanhamento com um nutricionista ajuda a melhorar a qualidade de vida das mulheres acometidas por esta patologia. “O monitoramento do peso corporal e os ajustes qualitativos da dieta poderão melhorar a qualidade de vida dessas mulheres. Dessa forma, o nutricionista conduz a avaliação nutricional para identificar a necessidade de redução de gordura corporal, verificar os hábitos alimentares atuais dessa paciente, analisar exames laboratoriais e sinais e sintomas que, em conjunto, irão ajudar o profissional a uma prescrição com foco em uma dieta rica em alimentos anti-inflamatórios, redução da gordura corporal quando necessário e, ainda, avaliar a demanda  de suplementações, como vitamina D, vitaminas e compostos bioativos com atividade antioxidante”, afirma.

Letícia, que trabalha na área de saúde da mulher e fertilidade, ressalta a importância da saúde intestinal para o controle de processos inflamatórios da doença. “Para isso, é importante ter um aporte adequado de fibras e suplementação de probiótico, quando necessária. O objetivo é contribuir para o equilíbrio da microbiota intestinal e, consequentemente, reduzir o risco do aumento da inflamação”, completa.

Segundo ela, o consumo de frutas, vegetais, gorduras poli-insaturadas (como o ômega 3), a ingestão adequada de cálcio e aporte adequado de antioxidantes devem ser encorajados tanto para redução do risco como na estratégia complementar ao tratamento da doença. “Por outro lado, um excesso de ingestão de carne vermelha, gordura saturada, gorduras trans, álcool, cafeína e alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e gordura são citados com fatores que podem aumentar o risco da endometriose”, alerta a nutricionista. Há estudos que indicam que a suplementação de nutrientes e compostos bioativos antioxidantes, a exemplo de vitaminas C e E, minerais como selênio e zinco, fitoquímicos e resveratrol são benéficos no tratamento e prevenção da doença.

Março amarelo – Mês Mundial da Conscientização da Endometriose

Março amarelo – Mês Mundial da Conscientização da Endometriose

Março é o mês mundial de conscientização sobre a endometriose. A cor destinada à campanha é o Amarelo. Durante o mês, são realizadas ações para informar a sociedade sobre a doença, os riscos, sintomas e formas de tratamento.

A nutricionista e conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região – CRN-8 Letícia Mazepa CRN-8 2911 trabalha com “Saúde da Mulher e Fertilidade” e explica a relação da nutrição e dos alimentos com a doença. De acordo com a nutricionista, milhares de mulheres no mundo têm endometriose, que é uma doença hormônio-dependente, de etiologia pouco esclarecida e caracterizada pelo crescimento ectópico do tecido endometriótico.  “Embora nos estágios iniciais ela seja assintomática, é comum que, com o passar do tempo, as mulheres com o diagnóstico apresentem desde fortes dores pélvicas até a redução na fertilidade”.

Nutrição e Endometriose

Segundo Letícia, assim como nas demais doenças crônicas, os fatores nutricionais parecem exercer influência no aparecimento e na progressão da endometriose, especialmente por se tratar de uma doença de caráter inflamatório. “Embora a literatura sobre o tema ainda seja muito limitada e pouco conclusiva, alguns estudos relatam que a dieta pode influenciar nos fatores de risco da doença. Frutas, vegetais, gorduras poli-insaturadas (como o ômega 3), consumo adequado de cálcio e ótimos níveis de vitamina D parecem ter relação com menores riscos de desenvolvimento da doença. Por outro lado, um excesso de ingestão de carne vermelha, gordura saturada, gorduras trans, álcool e cafeína são citados com fatores que aumentam o risco da endometriose”.

Letícia afirma que a nutrição ainda é pouco explorada na prevenção e controle da endometriose. “O monitoramento do peso corporal e os ajustes qualitativos da dieta poderão, de alguma forma, melhorar a qualidade de vida dessas mulheres”.

Literaturas sobre o assunto:

Harris HR, Eke AC, Chavarro JE, Missmer SA. Fruit and vegetable consumption and risk of endometriosis. Hum Reprod. 2018 Apr 1;33(4):715-727. doi: 10.1093/humrep/dey014. PMID: 29401293; PMCID: PMC6018917.

Parazzini F, Viganò P, Candiani M, Fedele L. Diet and endometriosis risk: a literature review. Reprod Biomed Online. 2013 Apr;26(4):323-36. doi: 10.1016/j.rbmo.2012.12.011. Epub 2013 Jan 21. PMID: 23419794.

Simmen RCM, Kelley AS. Seeing red: diet and endometriosis risk. Ann Transl Med. 2018 Dec;6(Suppl 2):S119. doi: 10.21037/atm.2018.12.14. PMID: 30740440; PMCID: PMC6330594.