NUTRIÇÃO E A SAÚDE DOS RINS

NUTRIÇÃO E A SAÚDE DOS RINS

“Os rins estão diretamente envolvidos com o equilíbrio nutricional e o metabolismo de nutrientes” – Dra. Cristina Martins

O Dia Mundial do Rim é comemorado na segunda quinta-feira do mês de março. Neste ano o tema central é “Saúde dos rins para todos. Ame seus rins. Dose sua creatinina!”. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) estima-se que 850 milhões de pessoas em todo o mundo tenham doenças renais de várias causas. Até um em cada dez adultos em todo o mundo tem doença renal crônica, que é invariavelmente irreversível e progressiva.

O Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região conversou com a nutricionista Profª. Dra. Cristina Martins sobre como a nutrição impacta na prevenção e tratamento da insuficiência renal. De acordo com a cientista, carnes e o excesso de sal estão como os vilões da doença e devem ser evitados. “O sal e a carne vermelha (ingestão elevada) estão associados com o desenvolvimento da doença renal crônica. Portanto, carnes processadas (embutidos), que combina ambos, seriam alimentos com alto risco para doença renal”, afirma.

E o que é Creatinina?

O exame de creatinina é usado para avaliar a função dos rins. A creatinina é um resíduo produzido pela quebra de uma proteína chamada creatina fosfato. Segundo a Dra. Cristina a creatinina é um metabólito (resto) do metabolismo muscular. “No músculo há a creatina, que quando se desintegra e precisa sair do corpo, através dos rins, se transforma em creatinina. Quando os rins não estão eficientes, eles não excretam diversos metabólitos, entre eles, a creatinina, que se eleva no sangue. Os níveis elevados de creatinina no sangue são indicadores de doença renal”.

A nutrição e a prevenção da insuficiência renal

Além do consumo excessivo de carnes vermelhas e sal, Dra. Cristina destaca a obesidade como uma das causas das doenças renais. “Outro aspecto muito importante da nutrição na prevenção da doença renal crônica é evitar a obesidade. Esta está independentemente e diretamente ao desenvolvimento da doença. Portanto, a escolha de estilo de vida saudável, com ingestão energética adequada e atividade física regular, para manter o peso ideal, são estratégias essenciais. A escolha de alimentos naturais e vegetais, não processados, e pouca ingestão de carne vermelha e sal, são atitudes significativas para a prevenção da doença renal crônica”.

E as proteínas?

O consumo elevado de proteínas encontradas em alimentos ou suplementos alimentares também podem estar associados às doenças renais. Dra. Cristina afirma que ainda não há estudos claros sobre o uso de suplementos proteicos e o desenvolvimento da doença renal crônica. “Esses estudos são difíceis de serem realizados, pois demandam o acompanhamento durante cinco ou mais anos, e a ingestão total, de suplementos e de alimentos, além de outros fatores, deve ser acompanhada. Porém, como há fortes evidências de que o excesso de ingestão de proteínas, particularmente de carne vermelha, está associada ao desencadeamento da doença renal crônica, assume-se que o excesso de ingestão de suplementos proteicos, ao longo de anos, aumenta significativamente o risco de desenvolvimento da doença”, explica.

A nutricionista acrescenta que o excesso de proteínas, vindo de alimentos ou suplementos, aumenta a filtração glomerular. “Ou seja, força a função renal, que pode se esgotar com o tempo e perder suas unidades filtrantes, que são os néfrons. Quando um néfron morre, não há regeneração; ele não é substituído. Portanto, após anos, a diminuição das unidades filtrantes do rim pode desencadear a insuficiência renal”.