Agosto Dourado: os desafios da amamentação

Agosto Dourado: os desafios da amamentação

Leite em excesso, ‘pouco leite’, dores, demora na descida do leite, bebês com dificuldade inicial para sugar. Essas são algumas dificuldades e desafios que as mães enfrentam durante a amamentação. O aleitamento, ao contrário do que algumas pessoas podem pensar, não é um processo fácil. “Às vezes a gestante não é preparada para saber como funciona a amamentação. Tem alguns casos que a mãe pode sentir dor ou desconforto e, em outros casos, a criança pode sugar de forma errada. Isso pode causar fissuras e até provocar sangramento do mamilo”, afirma a nutricionista e conselheira do Conselho Regional de Nutrição do Paraná (CRN-8), Gisele Pontaroli Raymundo.

            Esse assunto ganha ainda mais importância durante o mês de agosto, que é conhecido como “Agosto Dourado” por justamente simbolizar a luta pelo incentivo ao aleitamento humano. A cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. A Lei nº 13.435/2017 determina que no decorrer do mês de agosto serão intensificadas ações intersetoriais de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno.

            Há casos em que a mãe pode produzir leite em excesso e isso pode causar o chamado “ingurgitamento mamário”, que ocorre quando há o acúmulo de leite nas mamas, levando ao surgimento de sintomas como dor, rigidez, vermelhidão ou aumento do volume das mamas. Existem ainda casos em que ocorre uma infecção que é chamada de mastite, o nome dado à inflamação da mama, que pode progredir ou não para uma infecção. Nessa situação, uma parte da mama fica inchada, quente, avermelhada e dolorida, o que costuma causar dores no corpo, febre e mal-estar. Pode acontecer quando o leite fica muito tempo parado no peito ou por causa de rachadura no mamilo, que funciona como uma porta de entrada para bactérias.

Outra questão que surge é quando a mãe acredita ter “pouco leite”. É importante saber que a maioria das mulheres produz uma quantidade suficiente de leite, desde que a criança sugue com frequência, por tempo e pega adequados, estimulando a produção do leite e o esvaziamento da mama. Além disso, é fundamental que a mulher esteja tranquila e segura na amamentação.

            “As mulheres precisam ser bem orientadas durante o pré-natal, quer seja pelo obstetra, equipe de enfermagem ou nutricionista, mostrando para ela os desafios que ela vai ter e quais são as alternativas que vai encontrar”, salienta Gisele.

Benefícios

            A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os bebês sejam alimentados exclusivamente com leite materno até os seis meses de idade. O leite materno oferece todos os nutrientes que o bebê necessita durante este período, sem a necessidade de se introduzir outros alimentos líquidos. O leite materno é necessário para suprir todas as necessidades da criança. “Ele tem todas as quantidades exatas de carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e de outros compostos como os anticorpos para que o bebê seja saudável e tenha uma nutrição completa. Com o leite humano, as chances de a criança ter alergias também é reduzido”, aponta a nutricionista.

            Ela ensina que a produção do leite materno é a partir do consumo de água. Então, é necessário que a mãe se hidrate muito enquanto estiver se amamentando. “É importante ter uma alimentação mais saudável possível porque os nutrientes que tem no leite são tirados do corpo da mãe”.

Além disso, segundo a nutricionista, a rede de apoio para a mulher é muito importante. “A mãe precisa de uma rede de apoio, pois ela leva muito tempo amamentando. Afinal, a mãe precisa se alimentar corretamente, descansar e fazer demais atividades”, ressalta Gisele.

Doação de leite humano ajuda a salvar vidas

Doação de leite humano ajuda a salvar vidas

Com o objetivo de estimular a doação de leite humano, sensibilizar a sociedade, promover debates sobre a importância da amamentação da doação de leite humano, foi celebrado no último dia 19/05 o Dia Mundial e Nacional de Doação do Leite Humano. No Brasil, a Lei nº 13.227, de 2015, instituiu o Dia e a Semana Nacional de Doação de Leite Humano.

A prática do aleitamento está relacionada a inúmeros benefícios. O leite materno tem todos os nutrientes de que o bebê precisa até os seis meses de vida, protegendo-o contra diversas doenças. Após a amamentação exclusiva, uma alimentação complementar adequada e saudável deve ser oferecida e a amamentação deve continuar em paralelo até, pelo menos, o segundo ano de vida.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o aleitamento materno de longa duração também contribui para a saúde e o bem-estar das mães, reduzindo o risco de câncer de ovário e de mama e ajudando a espaçar gestações. Segundo dados da OPAS, no mundo, apenas quatro em cada dez (44%) crianças são amamentadas exclusivamente nos primeiros 6 meses de vida. Uma das metas globais de amamentação é de 50% de amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida até 2025.

DOAÇÃO

A doação de leite humano para recém-nascidos aumentou 8% em 2023, em relação ao ano anterior, o maior aumento registrado nos últimos cinco anos, segundo reportagem da Agência Brasil. Entre janeiro e dezembro, foram doados 253 mil litros de leite humano, beneficiando 225.762 bebês. A meta para 2024 é ampliar em 5% a oferta de leite materno a recém-nascidos internados nas unidades neonatais do país.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo. São 231 bancos em todos os estados e 240 postos de coleta. O leite humano é capaz de reduzir em até 13% a mortalidade de crianças menores de cinco anos de idade por causas evitáveis.

O Brasil disponibiliza hoje cerca de 160 mil litros de leite humano distribuídos todos os anos a recém-nascidos de baixo peso.  A nutricionista Marina Amaro Matuguma, ressalta que o ato de doar o leite materno ajuda a salvar vidas de diversas crianças prematuras que estão em unidades de terapia intensiva.   

O leite materno é um alimento completo, pois ele possui todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento e crescimento adequado do bebê até os seis meses de vida da criança. Ele possui efeito protetor de doenças gastrointestinais como diarreias, além de prevenir infecções respiratórias e alergias. Pelo seu efeito protetor, o aleitamento materno permite a redução do risco de mortalidade e, desenvolvimento de doenças não transmissíveis na fase adulta como diabetes, hipertensão, obesidade, entre outros”, afirma a profissional.

As doações ocorrem desde 1943, quando foi implantado o primeiro Banco de Leite Humano no então Instituto Nacional de Puericultura, atualmente Instituto Fernandes Figueira (IFF), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Acesse rblh.fiocruz.br/localizacao-dos-blhs para descobrir o BLH mais próximo de você.