Mais da metade da população do Paraná enfrenta insegurança alimentar

Mais da metade da população do Paraná enfrenta insegurança alimentar

Dia Mundial de Alimentação, celebrado recentemente, alerta para o problema da fome no país

Mais da metade da população brasileira convive com algum grau de insegurança alimentar. São 125,2 milhões de pessoas nessa situação, segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, foi feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) e executado pelo Instituto Vox Populi. A margem de erro é de 0,9 pontos percentuais, para mais ou para menos. Os dados foram divulgados em junho deste ano.

            Isso significa que seis a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar, que representa um aumento de 7,2% desde 2020 e de 60% na comparação com 2018. Os dados indicam ainda que 33,1 milhões de pessoas não tem o que comer – 15,5% da população do país. No fim de 2020, 19,1 milhões de brasileiros/as conviviam com a fome. Os dados indicam que a situação social e econômica do Brasil regrediu nos últimos anos.

            Apenas no estado do Paraná, a pesquisa aponta que 53,5% dos lares enfrentam algum grau de insegurança alimentar. Ou seja, em mais da metade dos domicílios há relatos de incerteza em relação ao acesso aos alimentos. Isso representa mais de 6 milhões de pessoas – o que equivale a mais de 50% da população paranaense.

            Os dados acendem um alerta social e econômico para todo o país. No último dia 16 foi celebrado o Dia Mundial da Alimentação. Comemorado desde 1981, a data é alusiva ao dia de criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em 1945. O tema deste ano é o tema é “Não deixar ninguém para trás”. A ONU estima que no mundo todo mais de 130 milhões de pessoas correm risco de passar fome até o final deste ano.

            Análise

A presidente do Conselho Regional de Nutricionistas do Paraná (CRN-8), Cilene da Silva, afirma que os altos índices de insegurança alimentar demonstram um retrato da realidade social brasileira. “Uma população que, realmente, tem carências absurdas, não tem acesso a alimentos e quando tem, acaba tendo acesso a alimentos que não são de qualidade sensorial, microbiológica, e nem nutricionalmente adequados”, afirma. Isso faz, segundo ela, que a população sofra “uma série de consequências que podem ser tanto associadas a doenças vinculadas ao não consumo ou ao consumo excessivo desses alimentos, como também todas as questões sociais relacionadas à fome’’.

A presidente ainda ressalta o papel do nutricionista no combate à fome e insegurança alimentar. “O nutricionista é um profissional essencial em toda a cadeia de produção, distribuição e consumo do alimento. Ele traz consigo não só o conhecimento técnico, mas o conhecimento humano e social, que pode auxiliar diretamente em todas as políticas públicas para que a gente possa erradicar, ou diminuir brevemente a fome, a pobreza e a desigualdade social”, explica.