CRN-8 participa de debate sobre legislação para redução do desperdício de alimentos

CRN-8 participa de debate sobre legislação para redução do desperdício de alimentos

O Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que quase 50 milhões de brasileiros vivam em situação de insegurança alimentar grave ou moderada. Para encontrar formas de mudar esta triste realidade e debater a contribuição do Poder Público para modernizar a legislação referente à doação de alimentos, a Assembleia Legislativa do Paraná promoveu nesta quarta-feira (16) a audiência pública “Como a Legislação Estadual Pode Contribuir Para a Diminuição do Desperdício de Alimentos no Combate à Fome”. O objetivo foi propor iniciativas que trazem bons resultados no combate ao problema, criando mecanismos para que produtores de alimentos possam doar o excedente com segurança, evitando que comida saudável vá para o lixo.

O debate ocorreu no Dia Mundial da Alimentação por iniciativa da Comissão de Defesa do Consumidor, presidida pelo deputado Paulo Gomes (PP), em conjunto com o Conselho Regional de Nutrição (CRN-8). A participação do CRN-8 foi essencial para garantir que a segurança alimentar fosse o foco das discussões, contando com a presença de Deise Regina Baptista, atual presidente do CRN-8, Vanessa Costa Penteado, conselheira do CRN-8, a coordenadora técnica Carolina Bulgacov Dratch, e alunos do programa CRN-8 Jovem. O evento reuniu representantes do Poder Público e privado da área de alimentação, além de responsáveis por entidades que combatem o problema.

O CRN-8 tem sido ativo em campanhas e iniciativas que promovem a segurança alimentar, atuando como um elo entre a legislação vigente e a prática dos profissionais de nutrição, garantindo que as doações sejam seguras e eficazes. Cilene da Silva Gomes Ribeiro, ex-presidente do CRN-8, também participou e destacou a importância do controle higiênico-sanitário e da segurança alimentar nas doações.

“Existem vários entes da sociedade, como restaurantes comerciais, indústrias e o próprio varejo supermercadista, que podem fazer doação de alimentos bons para consumo, mas não o fazem. Para isso, porém, é necessário que uma série de critérios seja observada, principalmente de controle de qualidade”, afirmou.

O deputado Paulo Gomes ressaltou que o objetivo da audiência é aproximar entidades governamentais e não governamentais, fortalecendo parcerias que possam ampliar projetos de combate ao desperdício de alimentos. Ele afirmou que vai trabalhar para atualizar a legislação e criar mecanismos que incentivem a doação segura de alimentos.

Carolina Dratch, Deise Baptista e Vanessa Penteado ao lado do secretário Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, Luiz Gusi

Mais da metade da população do Paraná enfrenta insegurança alimentar

Mais da metade da população do Paraná enfrenta insegurança alimentar

Dia Mundial de Alimentação, celebrado recentemente, alerta para o problema da fome no país

Mais da metade da população brasileira convive com algum grau de insegurança alimentar. São 125,2 milhões de pessoas nessa situação, segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, foi feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) e executado pelo Instituto Vox Populi. A margem de erro é de 0,9 pontos percentuais, para mais ou para menos. Os dados foram divulgados em junho deste ano.

            Isso significa que seis a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar, que representa um aumento de 7,2% desde 2020 e de 60% na comparação com 2018. Os dados indicam ainda que 33,1 milhões de pessoas não tem o que comer – 15,5% da população do país. No fim de 2020, 19,1 milhões de brasileiros/as conviviam com a fome. Os dados indicam que a situação social e econômica do Brasil regrediu nos últimos anos.

            Apenas no estado do Paraná, a pesquisa aponta que 53,5% dos lares enfrentam algum grau de insegurança alimentar. Ou seja, em mais da metade dos domicílios há relatos de incerteza em relação ao acesso aos alimentos. Isso representa mais de 6 milhões de pessoas – o que equivale a mais de 50% da população paranaense.

            Os dados acendem um alerta social e econômico para todo o país. No último dia 16 foi celebrado o Dia Mundial da Alimentação. Comemorado desde 1981, a data é alusiva ao dia de criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em 1945. O tema deste ano é o tema é “Não deixar ninguém para trás”. A ONU estima que no mundo todo mais de 130 milhões de pessoas correm risco de passar fome até o final deste ano.

            Análise

A presidente do Conselho Regional de Nutricionistas do Paraná (CRN-8), Cilene da Silva, afirma que os altos índices de insegurança alimentar demonstram um retrato da realidade social brasileira. “Uma população que, realmente, tem carências absurdas, não tem acesso a alimentos e quando tem, acaba tendo acesso a alimentos que não são de qualidade sensorial, microbiológica, e nem nutricionalmente adequados”, afirma. Isso faz, segundo ela, que a população sofra “uma série de consequências que podem ser tanto associadas a doenças vinculadas ao não consumo ou ao consumo excessivo desses alimentos, como também todas as questões sociais relacionadas à fome’’.

A presidente ainda ressalta o papel do nutricionista no combate à fome e insegurança alimentar. “O nutricionista é um profissional essencial em toda a cadeia de produção, distribuição e consumo do alimento. Ele traz consigo não só o conhecimento técnico, mas o conhecimento humano e social, que pode auxiliar diretamente em todas as políticas públicas para que a gente possa erradicar, ou diminuir brevemente a fome, a pobreza e a desigualdade social”, explica.