Nutricionista orienta sobre alimentação na prevenção do câncer de próstata
A nutricionista oncológica Kelly Franco reforça que uma alimentação equilibrada está diretamente ligada ao cuidado e à prevenção de doenças, entre elas o câncer de próstata.

uma relação direta entre nutrição, saúde e bem-estar físico e mental. Por isso, a alimentação adequada desempenha papel fundamental na prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), incluindo o câncer de próstata. O Novembro Azul, campanha nacional de conscientização sobre o tema, destaca a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. No Brasil, o INCA estima que 239 mil homens poderão ser diagnosticados com a doença a cada ano entre 2023 e 2025.
A nutricionista oncológica e conselheira do CRN-8, Kelly Franco (CRN-8 2656), compartilhou algumas orientações sobre como a nutrição pode ser utilizada como ferramenta terapêutica em apoio à prevenção e ao tratamento. Ela lembra que hábitos alimentares equilibrados contribuem para a redução do risco de diversas doenças, como câncer, diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, doenças cardiovasculares e obesidade.
Por que a alimentação saudável é uma forma de se proteger contra o câncer?
Segundo dados do INCA, a alimentação inadequada é a segunda principal causa prevenível de câncer. “O câncer é uma doença complexa causada por mutações genéticas, mas os fatores que levam a essas mutações são internos e externos”, explica Kelly.
Fatores internos (ou intrínsecos) incluem predisposição genética e envelhecimento. Já os fatores externos (ou extrínsecos) envolvem tabagismo, consumo de álcool, exposição a substâncias tóxicas e, principalmente, dieta não balanceada.
Embora algumas pessoas possuam predisposição genética, a maior parte dos casos surge ao longo da vida devido às influências ambientais e comportamentais. “A nutrição está na primeira linha de defesa contra o desenvolvimento do câncer”, reforça a nutricionista.
Alimentação equilibrada: o que evitar e o que priorizar?
Nenhum alimento isolado é capaz de garantir proteção total contra a doença. Contudo, determinadas escolhas alimentares podem contribuir significativamente para a saúde. Para a prevenção do câncer de próstata e de outros tipos, recomenda-se evitar ou limitar o consumo de alguns grupos de alimentos e bebidas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) e o INCA, devem ser evitados:
- carnes processadas;
- carnes vermelhas (consumo limitado a menos de 500 g por semana, peso cozido);
- alimentos ultraprocessados;
- açúcar e carboidratos refinados;
- bebidas alcoólicas.
Métodos de preparo também fazem diferença. Assar, grelhar ou fritar carnes em altas temperaturas pode gerar substâncias associadas ao aumento do risco de câncer. “Uma técnica para reduzir a formação desses compostos é marinar a carne na geladeira por pelo menos 30 minutos a duas horas antes do preparo, usando azeite, alho, cúrcuma ou alecrim”, orienta Kelly.
Ultraprocessados representam risco elevado por concentrarem calorias, gorduras não saudáveis, açúcares e sódio, além de serem pobres em fibras e nutrientes. O consumo frequente de refrigerantes, fast foods, salgadinhos e biscoitos recheados está associado a maior risco de 13 tipos de câncer, principalmente por favorecer ganho de peso e obesidade.
Aqui entra a atividade do nutricionista e a importância de uma boa dieta
Diversos alimentos possuem compostos bioativos com potencial de prevenir, bloquear ou retardar o processo de carcinogênese. Esse conjunto de estratégias é conhecido como quimioprevenção, que envolve uso de substâncias naturais ou farmacológicas para impedir ou reverter etapas de formação do câncer.
Entre os compostos de interesse estão:
- polifenóis: presentes em maçã, chá verde, chocolate amargo, orégano;
- carotenoides: como licopeno, luteína e beta-caroteno, encontrados em tomate, mamão, cenoura e abóbora;
- glicosinolatos: presentes em brócolis, couve-flor e outras hortaliças crucíferas;
- compostos sulfurados (alho e cebola);
- lignanas (linhaça);
- ácidos graxos essenciais (sementes ricas em ômega-3).
O licopeno, pigmento vermelho do tomate, é um dos destaques. Ele reduz radicais livres e processos inflamatórios. Sua absorção aumenta quando o alimento é aquecido e combinado com fontes de gordura saudável, como azeite de oliva, óleo de coco ou castanhas.
Recipientes plásticos: risco ou não para a saúde?
Aquecer alimentos ou armazená-los ainda quentes em recipientes plásticos pode aumentar a exposição a substâncias carcinogênicas. “O principal problema é a migração de compostos químicos do plástico para o alimento, processo acelerado pelo calor”, explica Kelly.
Como recomendação, o ideal é usar recipientes alternativos como vidro, cerâmica ou aço inoxidável para aquecer, cozinhar ou armazenar alimentos quentes. “Caso seja mantido o uso do plástico, use apenas aqueles rotulados como ‘seguro para micro-ondas, pois são projetados para liberar níveis muito baixos de químicos dentro dos limites regulatórios”, elucida a profissional. Apesar disso, é importante notar que mesmo esses modelos podem liberar microplásticos.
Outras formas que podem diminuir esses riscos é deixar o alimento esfriar antes de colocá-lo em um recipiente plástico para armazenar na geladeira ou freezer. Além disso, evitar reutilizar para aquecer recipientes de uso único como potes de margarina, iogurte ou embalagens de delivery.
Como é a dieta para um paciente com câncer de próstata?
É essencial que pacientes diagnosticados com câncer de próstata recebam acompanhamento nutricional especializado. “As necessidades variam individualmente, mas muitos já iniciam o tratamento desnutridos ou com baixo peso”, aponta Kelly. Além disso, alterações causadas pelo tratamento — como diarreia, náuseas e mudanças no paladar — também demandam ajustes alimentares.
Durante o tratamento, os objetivos principais são fortalecer o sistema imunológico, manter peso adequado e preservar a massa muscular, para reduzir efeitos colaterais.
Na prevenção e no acompanhamento nutricional, recomenda-se uma dieta balanceada e rica em alimentos de origem vegetal. “O paciente geralmente terá uma alimentação com carboidratos complexos e proteínas de alto valor biológico, priorizando carnes magras e incluindo ácidos graxos poli-insaturados”, exemplifica Kelly.
Para quem concluiu o tratamento, a dieta passa a ter foco na saúde a longo prazo e na redução do risco de recidiva. “Cada caso é único. O nutricionista oncológico deve construir um plano alimentar personalizado, considerando o tipo de câncer, o tratamento realizado, os efeitos colaterais persistentes e as necessidades específicas de cada paciente”, destaca.
A alimentação deve se manter saborosa e respeitar hábitos culturais. O pós-tratamento é uma etapa de transição para um estilo de vida mais saudável, no qual a dieta ocupa papel central. Além da nutrição adequada, recomenda-se manter atividade física regular, controlar o estresse, regular o sono, preservar a microbiota intestinal e evitar álcool e tabaco. A combinação desses hábitos reduz significativamente o risco de desenvolvimento e recorrência da doença.






















































