A água é aliada fundamental para uma vida saudável

A água é aliada fundamental para uma vida saudável

A água é imprescindível para a manutenção de uma vida saudável. Ela é responsável por regular a temperatura corporal, transportar nutrientes e eliminar resíduos, além de lubrificar as articulações e participar de processos metabólicos essenciais, como a absorção de nutrientes e a eliminação de resíduos. A nutricionista e conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas do Paraná (CRN-8) Ana Paula Garcia explica que assegurar uma ingestão hídrica adequada é o ponto de partida para uma vida saudável.

Neste dia 22 de março é celebrado o Dia Mundial da Água. A data foi instituída em 1993 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de promover a conscientização sobre a importância da água para a nossa sobrevivência.

A quantidade de água necessária que uma pessoa deve beber durante o dia para garantir uma boa hidratação varia de pessoa para pessoa. “Estimar a quantidade diária de água necessária envolve diversas fórmulas e abordagens. A regra geral de 2 litros nem sempre é aplicável. Podemos calcular entre 30 a 35 ml por quilo de peso corporal ou estimar 1 ml para cada caloria consumida, embora isso possa variar em casos de déficit calórico ou situações específicas”, explica Ana Paula.

No entanto, a falta da quantidade ideal de água é refletida diretamente em nosso corpo, que sinaliza a necessidade do líquido de maneiras inteligentes. “A sede é um alerta, indicando que o corpo já pode estar começando a desidratar. Observar a cor da urina é outra indicação: cores mais intensas e odor mais forte podem sugerir uma ingestão insuficiente”, ressalta a nutricionista.

Quem não tem o hábito frequente de tomar água precisa recorrer a algumas táticas, “Carregar uma garrafinha de água consigo é uma prática eficaz”, recomenda a conselheira do CRN-8. Para esses casos, a nutricionista também indica o consumo de águas saborizadas naturalmente com frutas ou ervas, além do uso de aplicativos instalados no celular para lembrar o consumo. “Experimentar água saborizada ou com gás pode tornar o processo mais agradável. Aplicativos de lembrete também são úteis para criar consistência no consumo diário”, destaca.

Além do consumo direto do líquido, outros alimentos e nutrientes ricos em água são indicados para manter um bom nível de hidratação. “Dois grupos destacam-se: frutas, hortaliças e vegetais, ricos em água, como melancia e pepino. Além disso, eletrólitos presentes em alimentos como bananas e laranjas desempenham um papel crucial no equilíbrio hídrico”, aponta Ana Paula.

O Dia Mundial da Água também é uma ocasião para lembrar sobre a importância do consumo sustentável deste recurso natural. A nutrição pode promover práticas sustentáveis, como explica Ana, “orientando escolhas alimentares com menor impacto ambiental, especialmente diante da escassez de água’. Para isso, a nutrição, por exemplo, pode “conscientizar sobre o impacto de grandes operações industriais e a produção de gado no consumo hídrico, incentivar a compra de pequenos produtores e participar de feiras locais”.

A importância da Pesquisa Cientifica para a qualidade da Água

A importância da Pesquisa Cientifica para a qualidade da Água

Uma das formas de garantir a qualidade da água é por meio do financiamento de estudos que possam oferecer dados e bases científicas para a criação de políticas públicas.

Dia 22 de março é celebrado o Dia Mundial da Água e, em 2021, o tema para reflexão é “Valorizar a água”. O objetivo é sensibilizar os líderes políticos e a sociedade civil para a conservação desse bem.

O Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região – CRN-8 tem como missão defender o Direito Humano à Alimentação Saudável, contribuindo para a promoção da saúde da população, mediante a garantia do exercício profissional competente, crítico e ético. Sendo a água um elemento essencial para a nutrição humana e o abastecimento norteador à promoção de segurança alimentar e nutricional.

A nutricionista Mariana Amabile Waideman CRN-8 4188, é mestre em Segurança Alimentar e Nutricional pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Sua dissertação, “Qualidade de Água de Torneira e de Bebedouro em Escolas Públicas Estaduais de um Município do Estado do Paraná”*, defendida em 2015, pesquisou em 45 escolas, os parâmetros de qualidade da água para consumo humano de acordo com exigências da legislação brasileiras, porém incluiu dois micro-organismos sugeridos na legislação europeia, a fim de avaliar e minimizar as possibilidades de veiculação de doenças hídricas. “A água deve ser de qualidade, atender os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes, pois é uma necessidade básica, sendo uma das obrigações das instituições governamentais garantir a qualidade ofertada”.

Mariana explica que, após a coleta, as amostras foram avaliadas de acordo com parâmetros previstos em legislação: dosagem de cloro livre, coliformes totais, Escherichia coli e contagem de bactérias heterotróficas, bem como por parâmetros microbiológicos complementares, mediante pesquisa de enterococos e Pseudomonas aeruginosa, e parâmetros higiênicos-sanitários, como a verificação da limpeza semestral da caixa d’água e a troca semestral dos filtros dos bebedouros. “Nas escolas, a água pode ser utilizada para o preparo de refeições e ser consumida diretamente em pontos, como bebedouros, pelos alunos. O objetivo do estudo foi avaliar a qualidade da água de escolas públicas estaduais do município de Curitiba“.

Resultados

Os resultados revelaram que 35,5% das escolas estudadas apresentaram valores inadequados em relação aos parâmetros legais e microbiológicos complementares, sendo que em 11,11% dos resultados a presença de contaminação fecal foi diagnosticada, após emprego da pesquisa de enterococos. “As linhagens isoladas apresentaram resistência a antibióticos, considerando os alunos expostos ao consumo de água inadequada, verificou-se que 17.078 mil alunos estavam expostos ao consumo de água imprópria ao consumo. Destes, 4.328 mil podem estar ingerindo água com presença de contaminação de origem fecal. detectada apenas após a inclusão dos parâmetros complementares na avaliação. Os resultados revelaram que a inclusão de parâmetros microbiológicos complementares possibilita diagnóstico mais amplo de forma a garantir a qualidade da água e, consequentemente, minimizar danos à saúde dos escolares”.

A nutricionista conta que os dados foram apresentados à Secretaria de Estado da Educação do Paraná enfatizando a importância de se aprimorar a legislação de controle de qualidade, acrescentando os parâmetros europeus, garantindo assim, a qualidade da água.  “Os resultados da pesquisa mostraram que a inclusão de parâmetros microbiológicos complementares na análise da qualidade da água, possibilitariam um diagnóstico mais amplo da qualidade da água das escolas, sendo assim, o emprego dos parâmetros complementares analisados, poderiam ser utilizados pelos órgãos competentes para uma possível revisão das exigências microbiológicas atuais na legislação do Brasil e desta forma aprimorar o controle de qualidade da água no país, e consequentemente minimizar os riscos à saúde dos escolares”, concluiu a nutricionista.

*A dissertação do Programa de Pós-graduação em Alimentação e Nutrição da UFPR, financiado pelo projeto PROCAD/Casadinho-CAPES/CNPq foi orientada pela Profa Dra Márcia Regina Beux e Coorientado pela Profa Dra SILA Mary Rodrigues Fereira, e contou com a participação de outros pesquisadores.
O artigo completo do trabalho está aqui