Dia Mundial de Luta Contra a Aids – 1º de dezembro
Alimentação saudável é parte importante do tratamento da pessoa que vive com HIV/AIDS
Dia Mundial de Luta contra a Aids é em 1º de dezembro e essa data marca, a cada ano, o esforço que envolve essa luta. O objetivo é refletir sobre o assunto, divulgando ações e promovendo o compartilhamento de informações e experiências
É válido afirmar que uma alimentação saudável é importante para todos, mas, para pessoas que vivem com HIV/AIDS, essa importância é maior ainda. Nesses casos, em que o organismo tem grande necessidade energética para combater infecções, alimentar-se inadequadamente pode levar a um sério quadro de perda de peso e massa muscular, ou até mesmo à subnutrição. Isso acontece porque o organismo precisa adquirir a energia de que precisa nas reservas acumuladas de gordura e proteínas corpóreas. E também de outras complicações que precisam ser consideradas nessas pessoas.
Para saber mais sobre esse tema, o Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região (CRN-8) conversou com a nutricionista e professora Aiane Sereno CRN-8 7284, profissional com experiência em Nutrição e HIV em âmbito hospitalar e ambulatorial. Ela é pós-graduada em Nutrição Clínica, mestre em Alimentação e Nutrição e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Interna do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR). Docente multidisciplinar de Graduação e Pós-Graduação em Nutrição é pesquisadora no Centro de Pesquisa Cline Research Center.
Destaca-se a importância do nutricionista
Aiane recomenda que todo paciente, logo após o primeiro diagnóstico, seja encaminhado ao profissional nutricionista para avaliação do seu estado nutricional. O planejamento alimentar deve ser equilibrado em carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais, como qualquer outro tipo de intervenção nutricional em outras doenças. “Contudo, é importante destacar a importância do consumo de alimentos de origem vegetal e com pigmentos naturais, tais como frutas e vegetais vermelhos, laranjas, amarelos e verdes escuros, além da cúrcuma e do gengibre, devido aos compostos ativos encontrados nesses alimentos e que podem fortalecer a imunidade, sendo esse o principal objetivo do tratamento”.
O acompanhamento nutricional é fundamental para quem vive com HIV/AIDS, principalmente no que diz respeito às modificações corporais denominadas “Síndrome da Redistribuição Gordurosa”. “Esse conjunto de alterações pode ser acompanhado por um quadro de dislipidemias e essas modificações metabólicas definem a diminuição da gordura nas regiões do rosto, braços, pernas, e nádegas e um acúmulo de gordura na região abdominal e hipertrofia mamária. Isso, além de outras complicações, como desmineralização óssea, disfunção hepática e desregulação do metabolismo da glicose”. Essas alterações metabólicas podem ser atenuadas, explica a nutricionista. Para isso, uma dieta adequada e exercícios físicos devem ser incluídos como parte do tratamento.
A relação entre alimentação e medicamentos
Com relação aos medicamentos, Aiane alerta para efeitos agudos que os antirretrovirais podem causar, como náuseas, vômitos, diarreia, constipação intestinal, cefaleia, inapetência, boca seca e/ou com feridas. “A alimentação pode ser o fator determinante para reduzir os efeitos colaterais e até mesmo melhorar a adesão do tratamento medicamentoso. No caso do Abacavir, fármaco utilizado como antiviral contra o HIV, é recomendada a administração com alimento, para diminuir a irritação gástrica. Outros medicamentos, Zidovudina, Efavirenz, Nevirapina e Amprenavir, por exemplo, podem ser ingeridos com ou sem a alimentação, no entanto, deve-se evitar a ingestão com alimentos gordurosos”.
Segundo Aiane, há fármacos que precisam ser ingeridos com alimentação, para ser melhor absorvidos pelo organismo, de preferência com alimentos gordurosos saudáveis, tais como o abacate, oleaginosas ou salada com azeite de oliva. E há os casos dos medicamentos que devem ser consumidos em jejum, para que haja melhor aproveitamento. No caso dos fitoterápicos, é fundamental haver orientação, do contrário podem haver problemas. Por exemplo, Eqüinácea, Kava-Kava e Ginko Biloba, não devem ser ingeridos sem orientação médica ou de um nutricionista especialista.
Suplementação vitamínica pode ser importante
Dependendo da fase da doença e do estado nutricional do paciente a suplementação vitamínica pode contribuir positivamente como reforço ao aporte nutricional. “Suplementos alimentares proteicos com aminoácidos essenciais são preconizados a fim de minimizar o catabolismo, principalmente naquelas pessoas com a AIDS já em progressão”.
Aiane acrescenta que a contribuição da suplementação de micronutrientes, principalmente a vitamina D e o cálcio, devem fazer parte da avaliação sistemática do metabolismo mineral, sendo consideradas necessária para essas pessoas, sempre sob orientação.