Alimentação saudável previne fatores de risco que podem causar doença renal crônica
No Dia Mundial do Rim, nutricionista da Fundação Pró-Renal compartilha dicas sobre como a alimentação pode ajudar a prevenir e combater a doença renal crônica.
O Dia Mundial do Rim é comemorado na segunda quinta-feira do mês de março. A campanha promovida pela Sociedade Brasileira de Nefrologia busca reforçar a importância do diagnóstico e do acesso ao tratamento da doença renal crônica (DRC). Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 10% da população brasileira tem algum tipo de doença nos rins.
Entre os principais grupos de risco para doenças renais estão pessoas com diabetes, obesidade e hipertensão. Dessa forma, a saúde nutricional e uma boa alimentação são fatores essenciais no cuidado com os rins. Por isso, o Conselho Regional de Nutrição da Oitava Região convidou a nutricionista Mayara Olikszechen (CRN9-012), da Fundação Pró-Renal, para falar conosco sobre como a nutrição tem um papel importante no combate às doenças renais.
A Fundação Pró-Renal Brasil é uma organização beneficente que se dedica à pesquisa, educação e cuidado de pacientes renais. Oferece suporte completo ao tratamento conservador (pré-diálise) por meio de uma equipe multiprofissional, além de contar com uma estrutura que envolve desde centro cirúrgico de nefrologia até ambulatórios, onde a nutricionista Mayara atua.

Os principais cuidados com a alimentação
Conforme mencionamos, entre os principais fatores de risco para doenças renais estão diabetes, obesidade e hipertensão. Dessa forma, Mayara orienta que uma das formas de prevenir a doença renal crônica é prestar atenção ao preparo das refeições. “Uma orientação muito importante é reduzir o uso de sal durante o preparo das refeições, evitar alimentos industrializados (congelados, enlatados, defumados e outros), reduzir o consumo de açúcar em geral, evitar bebida alcoólica e controlar o peso”, explica.
Assim, priorizar alimentos in natura é sempre a melhor forma de prevenir problemas nos rins.
Além da alimentação, outros fatores de risco incluem doenças cardiovasculares, idade avançada e histórico familiar de doença renal. A Sociedade Brasileira de Nefrologia também destaca situações específicas, como cálculos renais frequentes, tabagismo, doença renal relacionada à gravidez e até defeitos congênitos. Nesses casos, o ideal é manter acompanhamento médico frequente para identificação e diagnóstico correto.
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Os sintomas da doença renal crônica
“A doença renal crônica é assintomática na maior parte dos pacientes em estágio inicial”, explica a nutricionista Mayara. Contudo, entre os principais sinais de alerta estão náuseas, perda de apetite e de peso, cansaço, fraqueza muscular, alterações na urina (espuma, cheiro forte e coloração mais escura) e inchaço nas pernas, pés e tornozelos. “No entanto, em alguns casos, os sinais e sintomas podem ser confundidos com outras doenças”, acrescenta.
Por isso, é essencial consultar um médico para realizar exames específicos que confirmem o diagnóstico da doença renal crônica. A Sociedade Brasileira de Nefrologia recomenda a dosagem de creatinina no sangue e o exame de urina como principais testes para detecção. Inclusive, o mote da campanha de 2025 será justamente “Seus rins estão ok? Faça exame de creatinina para saber”, incentivando o diagnóstico precoce.
Acompanhamento nutricional para portadores de doença renal crônica
A nutricionista Mayara destaca que a alimentação adequada é essencial em todas as fases da doença renal. “O acompanhamento nutricional ajuda a retardar a progressão da lesão nos rins e a controlar doenças associadas, como diabetes e hipertensão, desde o tratamento conservador (pré-diálise) até o pós-transplante”, explica.
Na diálise, esse cuidado também é fundamental para prevenir a desnutrição e a perda de massa muscular (sarcopenia). Além disso, o nutricionista monitora a ingestão de eletrólitos para evitar inchaço (edema) e problemas cardiovasculares.
O cuidado com a alimentação também está relacionado à ingestão adequada de água. A hidratação traz inúmeros benefícios aos rins, pois auxilia na formação da urina e na eliminação de toxinas do sangue. A água também regula a pressão sanguínea, mantém o equilíbrio hídrico e previne o acúmulo de resíduos que podem levar à formação de pedras nos rins ou infecções.
Por isso, perguntamos à Mayara qual a quantidade ideal de água que devemos ingerir diariamente. “No geral, recomenda-se para a população saudável uma média de 35 ml de líquidos por quilo de peso. Basta multiplicar seu peso por 35”, explica. Por exemplo, para uma pessoa de 70 kg, o cálculo resulta em 2.450 ml, ou seja, cerca de 2,4 litros de água. “Mas isso pode variar conforme a intensidade da atividade física, a presença de cardiopatias e outros fatores. Por isso, é importante também fazer o acompanhamento nutricional para identificar a quantidade adequada em cada caso”, finaliza.
Orientações para nutricionistas
Aos profissionais de nutrição, Mayara recomenda dois principais guidelines como referência para o atendimento de pacientes com doença renal crônica:
KDOQI Clinical Practice Guideline for Nutrition in CKD: 2020 Update
European Guidelines for the Nutritional Care of Adult Renal Patients
Para aqueles que desejam atuar na área de nefrologia, ela deixa um conselho: “Como em qualquer área, o primeiro passo é realmente gostar do que faz. Depois, dedicar-se à prática clínica, buscando especializações, cursos e congressos para capacitação e atualização profissional”.