Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil

Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil

03 de junho

O Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil é 03 de junho e o objetivo dessa data é alertar a população sobre os riscos e cuidados necessários para o combate a esse agravo. No Paraná, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), cerca de 95 mil crianças foram diagnosticadas com sobrepeso ou obesidade na rede pública em 2021. O número de casos de crianças obesas acima de 5 anos cresceu durante o período da pandemia de Covid-19, com um aumento percentual de 53,3% em relação a 2019. 

Dados da SESA/PR – 16,7% dos menores de 5 anos e 41,4% entre 5 e 9 anos apresentaram algum grau de excesso de peso, segundo o Índice de Massa Corporal (IMC) para a idade. Entre os adolescentes, 40,9% estavam acima da média ideal e 19,4% eram obesas. 

Também houve, no estado, crescimento de 30% na proporção de crianças pequenas com sobrepeso em comparação às que não apresentam a doença. Adicionalmente, a projeção é de que 22,7% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos viverão com obesidade infantil, enquanto a porcentagem é de 15,7% para crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos.

Em âmbito nacional, pelos dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2021, em pesquisa do Ministério da Saúde, 22% da população brasileira adulta já apresentam algum tipo de obesidade. 

Quando o resultado da medição do Índice de Massa Corporal (IMC) fica entre 25 e 30, considera-se que há sobrepeso — condição que atinge 57% da população adulta no país, segundo a Vigitel. Se o IMC for maior que 30, o caso é categorizado como obesidade. Os números da World Obesity Federation também mostram que a condição pode ser, até 2030, uma realidade para mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Para efeito de comparação, cabe lembrar que, em 2010, o número era de aproximadamente a metade.

Os primeiros mil dias e a prevenção da obesidade infantil

A nutricionista e conselheira do CRN-8 Veridiane Guimarães Ribas Sirota (CRN-8 nº 10170) destaca a importância dos primeiros 1000 dias do bebê, pois é quando se inicia a fase de concepção, que se prolonga até os 2 anos de idade. “Esse período contempla uma fase crítica de plasticidade, em que o organismo tem a capacidade de se adaptar de acordo com o ambiente que o rodeia. É quando vão sendo definidas as trajetórias em nível anatômico, fisiológico e bioquímico, que moldarão o curso da vida futura”. 

Apesar de a predisposição genética se caracterizar como um forte preditor da saúde a longo prazo, o estilo de vida adotado desde a gestação pode afetar significativamente a saúde do bebê, se estendendo à idade adulta. “Por exemplo, um bebê de uma família com histórico de obesidade carrega consigo as informações genéticas relacionadas. Se o ambiente promove alimentação inadequada, estilo de vida sedentário, pode programar metabolicamente a ativação desses genes no futuro. Por outro lado, se durante os 1000 dias os hábitos são condizentes, reduz-se a chance desse bebê vir a ser obeso”. 

Veridiane enfatiza que a fase inicial da vida da criança abre uma “janela de oportunidades’. Nela, é possível adotar hábitos e atitudes que terão influência no bom funcionamento orgânico no futuro. 

Aleitamento materno e Introdução Alimentar Correta 

É importante destacar que o primeiro passo é a garantia do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade, pois previne comorbidades, melhora o desenvolvimento físico e cognitivo. Antes disso, o bebê não deve receber outros líquidos e alimentos e a introdução alimentar deve iniciar após os 6 meses, acompanhada do leite materno. Segundo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), essa introdução deve contemplar todos os grupos alimentares in natura ou minimamente processado, como frutas em geral, verduras, legumes, carnes, ovos, cereais, tubérculos e leguminosas. 

Para Veridiane, também não é aconselhado o consumo de sucos ou água de coco, antes de 1 ano de idade, e de açúcares de qualquer tipo ou alimentos adoçados, antes de completar 2 anos. É importante, principalmente, evitar alimentos ultraprocessados. “Esses produtos, tais como petit suisse, gelatina, pães tipo bisnaguinha, geleia de mocotó, biscoitos e engrossantes de leite, são ricos em conservantes, gorduras e açúcares”. 

Já no campo dos alimentos com potencial risco de desenvolvimento de alergia, a nutricionista informa que a recomendação atual é que sejam incluídos antes de 1 ano de idade, como ovos, peixe, frutos do mar, soja, amendoim, castanhas e trigo. “Dessa forma, aproveitamos o que chamamos “janela imunológica” e diminuímos a chance de a criança vir a ser alérgica”. 

TÓPICOS 

  • O café não deve fazer parte da alimentação da criança até 4 anos de idade, por diminuir a absorção de ferro no organismo. 
  • Todas as frutas estão liberadas sem nenhuma exceção. Podem fazer parte da rotina desde o primeiro dia de alimentação do bebê. 
  • É importante utilizar óleos ou azeite para preparar a alimentação do bebê, pois possuem estreita relação com desenvolvimento cognitivo. 
  • Chás naturais de ervas, como camomila, hortelã, erva cidreira e erva doce, são permitidos após 6 meses de idade, desde que não substituam a água ou as mamadas. 
  • Segundo o Ministério da Saúde o sal pode ser adicionado desde os 6 meses de idade em pequenas quantidades, evitando os temperos prontos ultraprocessados. 
  • O uso de temperos naturais é permitido durante a introdução alimentar, como cebola, alho, açafrão, ervas em geral (frescas ou desidratadas), urucum e louro. O indicado é evitar pimentas, pois podem sensibilizar o sistema gastrointestinal do bebê, causando refluxo e dores abdominais.