NUTRIÇÃO É UM DOS PILARES ESSENCIAIS NA RECUPERAÇÃO DE PACIENTES COM COVID-19

NUTRIÇÃO É UM DOS PILARES ESSENCIAIS NA RECUPERAÇÃO DE PACIENTES COM COVID-19

“Ter sido vacinada como nutricionista da linha de frente também mostrou que a nossa profissão é essencial!”

Caroline Hoffmann

Uma boa alimentação tem repercussões na melhoria do bem-estar, fortalecendo o organismo e ajudando a garantir a eficiência do sistema imunológico. No caso da covid-19, uma doença que pode deixar sequelas graves ou mesmo levar à morte, alimentar-se de forma adequada e saudável pode fazer a diferença, fornecendo ao organismo recursos para o combate ao coronavírus Sars-CoV-2. É nesse momento que se reafirma a importância do nutricionista como o profissional habilitado para prescrever dietas.

Um bom exemplo é dado por Eli Souza Rolim, que tem 76 anos e esteve internado no Hospital de Clínicas (HC), em Curitiba, com covid-19, no final de 2020. Ele afirma que a alimentação foi um dos principais fatores para sua recuperação. “Cuidar da minha alimentação foi fundamental. Senti uma melhora significativa quando estava sendo acompanhado por uma nutricionista, pois uma alimentação adequada, saudável, nutritiva é a base da nossa saúde”.

Eli diz que guardou os selinhos que vinham com as refeições, pois, de acordo com ele, a alimentação trazia junto o afeto. “Eram de 4 a 5 refeições diárias, todas elas muito completas, arroz, feijão, alguma carne ou peixe, legumes e saladas. A comida era boa, eu sentia o afeto nela. Também tinha a equipe, eram muito unidos e conversavam muito conosco. Essa atenção foi fundamental no tratamento”.

ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA NA LINHA DE FRENTE

A nutricionista Caroline Louise Benvenutti Hoffmann, de 33 anos, está na linha de frente da assistência à saúde na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Hospital do Trabalhador, em Curitiba, e foi a primeira nutricionista do Paraná a ser vacinada contra a covid-19. Segundo ela, este último ano foi desafiador. “Precisei rever a forma de prescrever para os pacientes, tanto em pacientes com dieta via oral, quanto em pacientes com nutrição enteral. Precisamos reduzir o volume da dieta ofertada, pois é muito comum os pacientes ficarem pronados (de bruços) por longos períodos. Também nos deparamos com alteração importante de paladar e olfato e grande desconforto respiratório. Antes do Covid, a restrição de volume existia, mas não era para um número tão grande de pacientes.”

Ela acrescenta que o papel do nutricionista é essencial para a reabilitação. “Apesar do nosso esforço extremo na UTI, não conseguimos frear o catabolismo proteico e os pacientes saem com fraqueza importante. As horas mais difíceis desde o início da pandemia foram as perdas de pacientes jovens, o nervosismo das famílias e a minha distância dos meus familiares, pois não posso expô-los”.

Sendo a primeira nutricionista paranaense a tomar a vacina, Caroline sente-se esperançosa e ressalta a importância da Ciência. “Enxergamos uma luz no fim do túnel. Para mim é uma honra representar a nossa classe nesta vacinação simbólica do dia 18/01, meu sentimento é de gratidão a Deus e à Ciência, que está tendo o lugar de destaque que sempre mereceu. Ter sido vacinada como nutricionista da linha de frente também mostrou que a nossa profissão é essencial! Só tenho a agradecer pelo reconhecimento da nossa profissão, porém sinto que é preciso destacar mais nutricionistas e outras classes assistenciais que atuam agora na linha de frente, e já atuavam antes da pandemia, como fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, tão poucas vezes citadas. A percepção é que quando mencionam a dificuldade de abertura de novos leitos de UTI, falam mais da ausência de médicos e enfermeiros.”.

REGULAMENTAÇÃO DA ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA INTENSIVISTA

Em agosto de 2020 o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) publicou a Resolução nº 663, que regulamenta as atribuições do nutricionista para garantir a assistência adequada a todos os pacientes internados na UTI. Para o Presidente do Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região (CRN-8), Alexsandro Wosniaki, CRN-8 3823, o trabalho do nutricionista intensivo é essencial para a recuperação de pacientes com covid-19 e contar com protocolos e uma legislação específica garante a integridade do profissional e do paciente. “Até então o profissional não tinha parâmetros e nem amparo legal para sua atuação, com a Resolução, as atividades obrigatórias estão descritas, tais como estabelecer e executar protocolos técnicos do serviço, de acordo com a legislação vigente e as diretrizes atuais relacionadas à assistência nutricional”.

A Resolução também aponta para as atividades complementares e oferece parâmetros para garantir a qualidade do serviço prestado à saúde e à recuperação do estado nutricional do paciente, tal como o critério numérico mínimo de referência, ou seja, quantos nutricionistas a unidade deve possuir por leito de UTI.