DIA MUNDIAL DE CONSCIENTIZAÇÃO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES- 02 de junho

TRANSTORNOS ALIMENTARES E A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL HABILITADO

Hoje, 02 de junho, é o DIA MUNDIAL DE CONSCIENTIZAÇÃO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES. Em fevereiro de 2020 o CRN-8 publicou a matéria TRANSTORNOS ALIMENTARES E A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL HABILITADO, em parceria com o Conselho Regional de Psicologia do Paraná. Confira!

A busca por dietas sem a orientação de nutricionistas habilitados pode contribuir para desencadear transtornos alimentares

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), os transtornos alimentares surgem com frequência durante o período da adolescência e juventude, afetando um número maior de mulheres do que homens. Os meios de comunicação, incluindo a internet, têm um papel importante nestes transtornos, propagando indiscriminadamente dicas de emagrecimento e dietas sem embasamento científico.

Para o presidente (licenciando em 2021) do CRN-8, Alexsandro Wosniaki CRN-8 3823, os Conselhos Profissionais têm o importante papel de orientar, fiscalizar e normatizar a conduta do profissional, garantindo a qualidade do seu atendimento. “Cabe ao nutricionista atender o paciente com transtorno alimentar de maneira adequada e ética, pois é o profissional qualificado para executar a avaliação e orientação nutricional, sempre de forma ética pautado pelo Código de Ética do Consumidor e do Nutricionista”, afirma.

Alexsandro ressalta que o Código de Conduta e Ética do Nutricionista fornece as instruções quanto à relação do nutricionista com os outros profissionais. “É indispensável que nutricionistas conheçam e estudem o Código de Ética e Conduta do Nutricionista, além das resoluções, para reconhecer sua área de atuação e das outras profissões da saúde, encaminhando corretamente o paciente aos profissionais apropriadamente habilitados em tratar um determinado cenário clínico.”

O papel do nutricionista

Segundo a nutricionista Paola Altheia CRN-8 9765, autora do Projeto “Não Sou Exposição“, que trabalha com conscientização sobre imagem corporal, autoestima e saúde, a divulgação indiscriminada de dicas de emagrecimento e dietas, favorece o desenvolvimento e a manutenção dos transtornos alimentares, principalmente porque muitas das pessoas que têm livre acesso a esse tipo de conteúdo são adolescentes particularmente vulneráveis às mensagens que supervalorizam o corpo, pois ainda estão moldando sua personalidade. “A popularização das redes sociais, principalmente do Instagram, com a supervalorização da magreza e recursos para editar fotos, favoreceram um grande aumento dos transtornos alimentares nos últimos anos. Muito disso se dá pelo fomento da insegurança e da baixa autoestima”.

Paola explica que não existe uma causa definida para os transtornos alimentares, que estão relacionados a um conjunto de fatores. “Além da predisposição genética, tem-se o convívio familiar, crenças, pensamentos e sentimentos disfuncionais a respeito da alimentação, exacerbado culto à forma física, distorção da imagem corporal, bullying, baixa autoestima, problemas psicológicos e emocionais. Pessoas com depressão, ansiedade, transtornos mentais e de personalidade estão particularmente propensas ao desenvolvimento do distúrbio alimentar”, afirma.

É importante que o nutricionista reconstrua uma relação saudável com os alimentos e com a alimentação, desmistificando as crenças errôneas a respeito do corpo e da comida. Para a nutricionista Paola é importante recuperar o prazer de comer e auxiliar a pessoa a voltar a participar de ocasiões sociais. “O nutricionista tem um papel fundamental questionando padrões de beleza e expectativas irreais em relação ao emagrecimento e ao corpo. A educação nutricional é fundamental para que o indivíduo possa ter autonomia para fazer escolhas alimentares razoáveis e saudáveis”.

Tratamento multidisciplinar

O tratamento para os transtornos alimentares é multidisciplinar e, além do nutricionista, é importante o tratamento psicológico. Mariana Galesi Bueno, psicóloga clínica CRP-08/13324, professora e coordenadora da especialização em Comportamento e Transtornos Alimentares do IPCAC explica que o tratamento multidisciplinar envolve duas ou mais especialidades no atendimento do quadro diagnosticado, e essa modalidade de trabalho mostra-se bastante afetiva. “Na maioria das vezes, inclui a Psicologia, a Nutrição e a Psiquiatria, mas dependendo do tratamento pode exigir médicos de outras áreas, como gastroenterologista, endocrinologista, clínico geral e outros. O tratamento consiste em um plano terapêutico no qual idealmente os profissionais envolvidos possam dialogar para estabelecer uma linha coerente de atuação. Cada profissional atua dentro da própria expertise, e dependendo do tipo de transtorno e sintomas apresentados, os atendimentos podem ser ‘escalonados’”.

A psicóloga explica que a Psicologia atua no manejo das emoções e significados subjetivos que as pessoas têm em relação aos alimentos. “Trabalha-se a ressignificação de conceitos relacionados à alimentação, direta ou indiretamente. Paralelamente, questões de autoimagem, autoestima e autoconceito estão bastante envolvidas nessas patologias, e o trabalho psicoterapêutico é fundamental para o tratamento”, diz.

Mariana recomenda que se busque atendimento especializado e, principalmente, personalizado. “A internet traz muita informação boa, mas também temos informações sem critério e falas de pessoas que não possuem conhecimento técnico e/ou que relatam sobre a história e o tratamento de uma outra pessoa, com outro metabolismo, outra rotina e outra estrutura psicológica. Mesmo o que pareça ser uma dieta inofensiva pode ser danosa. Praticamente todos os transtornos alimentares têm início com dietas. Angústias em relação a alimentação e em relação ao corpo são sinais de alerta para transtornos alimentares ou comer transtornado”, conclui.

Atenção

Antes de iniciar uma dieta é importante consultar se o nutricionista é inscrito no CRN-8 ou solicitar, na consulta, a apresentação da Carteira de Identidade Profissional ao nutricionista.

Um profissional habilitado é a garantia de um atendimento pautado nos princípios universais dos direitos humanos e da bioética, na Constituição Federal e nos preceitos éticos da profissão.

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