O trabalho do nutricionista e a performance desportiva.

O trabalho do nutricionista e a performance desportiva.

A Nutrição Esportiva tem se mostrado cada vez mais importante para o atleta profissional. É o nutricionista que tem capacidade reconhecida para orientar atletas que buscam melhor desempenho nas suas atividades, com uma alimentação saudável que integre boa qualidade de vida e busca de altas performances.

A data de 10 de fevereiro é especial para todos os desportistas. Nele, se comemora o Dia do Atleta Profissional, homenageando todas as pessoas que fazem do esporte a sua profissão. Curiosamente, somente há quatorze anos a prática desportiva foi regulamentada como atividade profissional no Brasil. A Lei 9615, de 24 de março de 1998, também conhecida como “Lei Pelé”, instituiu as normas gerais que norteiam as atividades desportivas no país. Nela, está definido o funcionamento do Sistema Brasileiro de Desporto, bem como os princípios fundamentais do esporte e a regulamentação da prática desportiva profissional, tratando de temas como a Justiça Desportiva e o controle de doping.

Gisele Farias (CRN-8 4626)* é especializada em Nutrição Esportiva Funcional e explica que o acompanhamento nutricional de um atleta é complexo e não admite fórmulas mágicas ou imediatistas. “De maneira geral, trata-se de um indivíduo que busca a melhora do seu rendimento. No entanto, a performance é alcançada ao longo da trajetória esportiva, de forma progressiva. As estratégias nutricionais devem ser programadas de acordo com a fase do treino que o atleta se encontra, o que chamamos de periodização nutricional”.

Importância da avaliação nutricional

Segundo Gisele, essas estratégias se fundamentam em três pontos principais: a periodização de nutrientes, de acordo com o volume e intensidade do treinamento, a periodização de estratégias que otimizem o rendimento esportivo e a organização do tipo e do momento da ingestão alimentar, visando a otimização da recuperação do treino. Mas, para pôr em prática essa estratégia, é fundamental uma boa avaliação nutricional. “É uma ferramenta imprescindível para o nutricionista, pois, além de identificar riscos nutricionais, reflete o estado geral de saúde do indivíduo, uma vez que resulta do equilíbrio entre a ingestão e utilização de nutrientes”.

A avaliação nutricional deve considerar a interconexão entre todos os sistemas corporais, bem como as suas interações com aspectos bioquímicos, fisiológicos, emocionais e cognitivos, fornecendo assim subsídios para determinação do requerimento energético e planejamento dietoterápico mais assertivo. “No contexto do esporte, resgatando os conceitos de bioquímica e fisiologia do exercício, devem ser investigados fatores que interferem no metabolismo energético, no estresse oxidativo, na regulação hormonal, na digestão e absorção de nutrientes, no sistema imunológico, no suporte à destoxificação e biotransformação hepática, no processo inflamatório e no equilíbrio psicológico e espiritual do indivíduo”, diz Gisele.

Integrando saúde física, mental e emocional

Para essa avaliação, é imprescindível obter dados antropométricos, bioquímicos, clínicos, dietéticos e de estilo de vida. Os instrumentos para avaliação da composição corporal mais utilizados na prática do nutricionista esportivo são adipômetro, fita métrica, bioimpedância elétrica e ultrassom. “A base da prescrição nutricional do atleta tem relação com as vias bioquímicas dos nutrientes e na fisiologia do exercício. O entendimento das vias metabólicas e mecanismos de regulação das concentrações plasmáticas dos carboidratos, proteínas e lipídios, e de como estes substratos energéticos se transformam em energia para as diversas funções fisiológicas do organismo, orienta a conduta nutricional adequada ao tipo de exercício físico”.

Há nutrientes adequados ao metabolismo predominante de cada exercício. É importante saber que, para um mesmo atleta, a estratégia nutricional para um treino que exige mais força é diferente daquela utilizada para um treino que requer mais aptidão cardiorrespiratória e ambos os treinos podem acontecer no mesmo dia. “E, aqui, reforço a importância dos conhecimentos básicos de bioquímica e fisiologia, assim como da utilização da estratégia da periodização nutricional no acompanhamento desses indivíduos. Individualizar o planejamento alimentar adequado à intensidade e/ou duração do exercício físico, traz benefícios não só para saúde física, mas também mental e emocional do paciente”, explica a especialista.

Trajetória

Gisele conta que tinha interesse na área de Nutrição Esportiva desde o início do curso de graduação e seu primeiro estágio foi em um clube de futebol. “Porém, após a conclusão do curso a vida me direcionou para a atuação no tratamento da obesidade e cirurgia bariátrica. Dez anos depois de concluir a graduação decidi fazer especialização nessa área, pois houve aumento da demanda de pacientes acompanhados por mim, que, após o emagrecimento, começaram a praticar corrida de rua e ciclismo, por exemplo”.

Em sua trajetória profissional, ela fez cursos de extensão, ouviu palestras e participou de congressos. Mas, o que a deixou mais segura para atender seus clientes foi a especialização na área de Nutrição Esportiva. Para quem se interessar em conhecer mais sobre essa área de atuação, Gisele aconselha revisar os livros de bioquímica e fisiologia e sugere buscar um estágio. “Para vivenciar a atuação do nutricionista na área esportiva e, após isso, se sentir que possui mesmo afinidade com a área, buscar cursos de extensão e especialização, além da leitura de artigos científicos e acompanhar os posicionamentos das sociedades nacionais e internacionais da medicina do esporte”.

* Gisele Farias é graduada (UFPR) e pós-doutoranda em Nutrição (UNIFESP). Doutora em Clínica Cirúrgica e mestre em Medicina Interna pela UFPR, é especialista em Nutrição Esportiva Funcional e em Nutrição Clínica Funcional. Tem experiência em atendimento clínico nutricional há 15 anos, com ênfase no acompanhamento de portadores de doenças crônicas, pacientes em preparo ou submetidos a cirurgia bariátrica e em Nutrição Esportiva. É docente na graduação e pós-graduação e pesquisadora na área de obesidade e cirurgia bariátrica.

Nutricionista na escola é essencial

Nutricionista na escola é essencial

É começo de ano e, também, de retorno às escolas. Após dois anos de ensino remoto e híbrido, a tendência é a volta ao modelo presencial em 2022. Isso representa mudanças significativas na rotina e hábitos da comunidade escolar. A alimentação é uma das principais preocupações, pois com comida não se brinca. O CRN-8 conversou com a nutricionista e conselheira Veridiane Sirota CRN-8 10170 sobre a alimentação escolar e perguntamos a ela por que ter nutricionista na escola é tão importante.

Veridiane enfatiza que é essencial que pais e mães verifiquem se as escolas que oferecem alimentação contam com nutricionista. “Uma vez fornecida a alimentação pela escola, é obrigatório que o cardápio seja elaborado por nutricionista. Sabendo disso, o próximo passo é conhecer os itens do cardápio da escola. Minha sugestão é que, durante a visita à escola, os pais solicitem o cardápio e fiquem atentos aos industrializados ultraprocessados, se há oferta de frutas e verduras, presença de açúcar e quantidade de preparações doces na semana, oferta de sobremesas doces e variedade do cardápio”.

Boa alimentação só traz benefícios

Segundo ela, o ideal é que o cardápio conte diariamente com frutas, no lanche da manhã e da tarde. Também deve-se evitar a oferta de ultraprocessados, como pão tipo bisnaguinha, achocolatados, embutidos, refrescos em pó e gelatina, além de biscoitos, com ou sem recheio. “Uma grande ressalva é para as crianças menores de 2 anos de idade, pois o cardápio deve ser totalmente isento de açúcares, adoçantes, mel ou melado”.

Uma alimentação adequada repercute em benefícios ao desenvolvimento cognitivo, concentração, foco, aprendizagem, energia para atividades físicas e brincadeiras, crescimento e ganho de peso adequado. Veridiane explica que, para elaborar um cardápio nutritivo, que vai acompanhar a criança em mais de 200 dias letivos, o profissional adequado e qualificado é o nutricionista, que conhece os nutrientes essenciais para cada faixa etária. “Além da questão nutricional, o nutricionista cuida da manipulação dos alimentos a partir de treinamentos constantes com a equipe da cozinha, para garantir a segurança sanitária de todos os itens do cardápio. Ter nutricionista na escola é ter garantia de alimentação balanceada, nutritiva e segura ao consumo!”

Cuidados com a lancheira

Já os lanches que são enviados de casa exigem outros cuidados. A nutricionista explica que para uma lancheira adequada nutricionalmente é importante que conte com líquido, fruta, carboidrato e/ou proteína. “É indispensável que os alimentos sejam armazenados em lancheira térmica e, nos dias mais quentes, contar com o gelo reutilizável.”

Algumas dicas para a lancheira:

* Líquido: Água é a primeira opção! Para variar dê preferência para líquidos sem adição de açúcar, como água de coco, chás e eventualmente um suco.

* Frutas: Item obrigatório para um lanche!  Práticas para consumir com casca, ou cuja casca possa ser retirada com facilidade: maçã, pêssego, banana, pera, mexerica. As frutas que não escurecem quando picadas em potes fechados são: melancia, uva, morango, manga, kiwi, mirtilo, mamão, laranja, melão. Vale lembrar ainda das frutas desidratadas, como damasco, banana, uva-passa e tâmara.

*Acompanhamento à base de proteína e/ou carboidrato.

Proteína: queijos em geral, iogurte, ovo (ovo de codorna fica uma graça na lancheira), oleaginosas, hommus, tofu, pasta de amendoim, carnes

Carboidrato: pães, pipoca caseira (de panela), milho verde cozido, tapioca, crepioca, torradinhas, granola, panqueca de banana, bolos caseiros, cookies, biscoito de arroz, pão de queijo, biscoitos integrais sem recheio, pinhão cozido, cereais

Dica para nutricionistas que trabalham em escolas

Para Veridiane é necessário prezar pela qualidade dos alimentos servidos. Isso inclui a produção dos alimentos. “Cabe ao nutricionista a busca por fornecedores que tenham como valor a produção sustentável, com o mínimo de impactos possíveis ao meio ambiente, como no caso dos agricultores agroecológicos”.

Nesta parte, o nutricionista pode fazer a diferença não somente na alimentação e na nutrição, mas também no meio ambiente e na economia local. Pois, ao comprar dos pequenos produtores, faz a economia local girar. Veridiane conta que o nutricionista pode pesquisar na região em que atua quais são os produtores agroecológicos. “É preciso conhecer quais são os alimentos comercializados, qual a safra desses alimentos e elaborar o cardápio escolar levando em consideração essas informações. Esse trabalho pode propiciar um cardápio com mais variedade de alimentos, além de auxiliar na renda de pequenas famílias agricultoras”.

Outra dica se remete às preparações caseiras que devem ser a base do cardápio. “Se as crianças gostam de biscoitos, bisnaguinhas e achocolatados, o nutricionista pode testar receitas caseiras juntamente com a equipe da cozinha, para substituir os ultraprocessados”. É por meio da diversidade de alimentos, da forma como se apresentam às crianças, que se educa o paladar. Assim, as crianças aprendem a sentir o sabor real dos alimentos e não apenas das gorduras e açúcares, como no o caso dos ultraprocessados.

Mas e legalmente, o que é dever do nutricionista?

A obrigatoriedade da presença do nutricionista está prevista na Resolução CFN nº 378/05 e na Resolução SESA nº 162/05. Já a Portaria interministerial Nº 1.010, de 08 de maio de 2006, institui as diretrizes para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Nível Médio das redes públicas e privadas, em âmbito nacional.

 A presidente do CRN-8, Cilene da Silva Gomes Ribeiro CRN-8 418 destaca que o nutricionista é profissional capacitado para exercer a função de controle de qualidade, planejando e supervisionando as atividades de seleção de fornecedores e procedência dos alimentos. “Deve elaborar e implantar o Manual de Boas Práticas, mantendo-o atualizado, e implantar e supervisionar Procedimentos Operacionais Padronizados (POP), bem como métodos de controle de qualidade de alimentos, em conformidade com a legislação vigente”.

Ela cita, ainda, a resolução CFN 600, de 25 de fevereiro de 2018, que estabelece as áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições. Nela, está definido que o nutricionista deve: identificar escolares ou estudantes com doenças e deficiências associadas à nutrição, para atendimento por meio de cardápio específico e encaminhamento para assistência nutricional adequada. “O nutricionista é responsável por realizar a avaliação, o diagnóstico e também o monitoramento nutricional dos estudantes com base nas recomendações e necessidades nutricionais específicas”, explica Cilene.

Para conhecer as atribuições dos nutricionistas na Alimentação e Nutrição no Ambiente Escolar acesse a Resolução 600/18  

A importância da hidratação

A importância da hidratação

A água é essencial à vida e isso não é nenhuma novidade. Sua importância torna-se mais significativa ainda no verão, quando o corpo sofre mais para manter a temperatura corporal adequada. Manter uma hidratação adequada em dias quentes é necessário para o bom funcionamento do organismo, fortalecendo-o e evitando a desidratação.

A nutricionista e professora Silvia Moro Conque Spinelli*, CRN-8 3030, afirma que precisamos ingerir líquidos para a termorregulação corporal, em especial quando o calor aumenta. Ela recomenda a água, mas apresenta boas opções. “Também vale um suco natural, chás gelados ou água de coco”.

Formas indiretas de hidratação

Silvia diz que existem formas saborosas de manter o corpo hidratado e dá dicas. Em especial, ela indica o consumo de salada de frutas na sobremesa ou mesmo incluir frutas nas refeições. Além disso, é fundamental sempre ter uma jarra de água na mesa. “São formas indiretas de hidratação. Para as crianças é bacana fazer picolé de suco de frutas. A criança se hidrata sem a gente ficar insistindo. Facilite para que a sua família tenha água sempre por perto. Muita gente não bebe mais líquidos por não ter acesso fácil a eles”.

Cuidado com a desidratação!

Um alerta fica para quem não bebe tanta água quanto deveria: cuidado com a desidratação! Segundo a nutricionista, muitas pessoas sentem pouco o reflexo da sede. “Quando a desidratação fica grave, podemos observar a pele opaca, têmporas fundas na região lateral da face, além de confusão metal e tremedeira. E para evitar isso é necessário, simplesmente, o hábito de beber água. É, em muitos casos, um esforço de disciplina”.

Quando a pessoa já estiver desidratada e a água não estiver disponível é preciso poupar energia. “Evite esforços e saia do sol ou calor. E, claro, beba líquidos o mais cedo que puder. Pessoas que correm na rua devem ter cuidado redobrado, pois desidratam fácil ao correr sob o sol quente. A quantidade recomendada é 30 mililitros por kg de peso”.

Hidratação na covid-19 e influenza

A nutricionista e professora Gisele Pontaroli Raymundo**, CRN- 432, explica que, no caso de enfermidades causadas por vírus, como acontece com a covid-19 e com a influenza, há o comprometimento das vias respiratórias, o que exige maior consumo de água. “Isso ajuda a fluidificar as secreções e a expeli-las com mais facilidade, trazendo a melhoria dos sintomas. Alivia o que a gente chama de ‘peito carregado’, que é quando o muco fica muito denso e precisa ser expelido”.

Outro benefício que a ingestão de líquidos traz está relacionado à necessidade de termorregulação em casos de elevação da temperatura corporal. “Essas doenças causam febre e isso faz com que percamos líquido. Por isso, é importante tomar água para manter a temperatura do corpo. É um recurso que a gente tem para aliviar a febre.

* Silvia Moro Conque Spinelli é Nutricionista, Mestre em Bioética com ênfase em obesidade infantil. Também é Doutoranda em Enfermagem com pesquisa em esteatose hepática. Professora da graduação em nutrição e nutricionista Clínica e Esportiva.

**  Gisele Pontaroli Raymundo – nutricionista, mestre em educação,  doutoranda em saúde coletiva. Docente do curso de Nutrição

Dia Nacional do Atleta – 21 de dezembro

Dia Nacional do Atleta – 21 de dezembro

Alta performance requer procedimentos especiais e orientação nutricional.

O Dia Nacional do Atleta, ou simplesmente Dia do Atleta, é comemorado em 21 de dezembro. A data celebra o esforço das pessoas que se dedicam ao esporte, seja profissionalmente ou por hobby, sempre buscando manter uma boa qualidade de vida. Trata-se de uma boa oportunidade para conhecer mais sobre a relação entre saúde e prática esportiva, refletindo sobre o tema da alta performance. Afinal, que procedimentos e cuidados um atleta precisa adotar para consegui-la?

Para divulgar as práticas e as perspectivas da Nutrição do Esporte, o Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região (CRN-8) conversou com Rodrigo Spricigo Teixeira CRN-8 10259, que acumula vasta experiência nessa área de atuação do nutricionista, especialmente no que se refere à nutrição para atletas de alta performance.

O atleta “acima da média”

Rodrigo entende que o termo “atleta de alta performance” desperta questionamentos e debates sobre o seu significado e não há consenso. No entanto, segundo ele, é possível afirmar que, de modo geral, o termo se refere ao atleta que se destaca pelo desempenho e rendimento e que possui vasta experiência e vivência em alguma modalidade esportiva. “É aquele atleta ‘acima da média’, que se destaca em seu esporte e também apresenta um altíssimo desempenho e rendimento nas competições, que sempre briga pelo pódio. Sua vida é dedicada ao esporte e seu esporte é sua profissão. São profissionais, que muitas das vezes, possuem todo um planejamento multidisciplinar: seu treinador, fisioterapeuta, médico, psicólogo e nutricionista”.

Mais quantidade e melhor qualidade

A alimentação e a nutrição desses atletas deve ser especial. Rodrigo explica que há a necessidade de maior quantidade e melhor qualidade na alimentação. Para facilitar o entendimento, ele faz uma comparação didática entre alimentação e combustível. “Não praticantes de exercícios físicos podem ser comparados com carros econômicos, menos potentes, e os atletas de alta performance, com carros que ‘bebem’ muito, muito mais potentes. A necessidade de combustível/alimento será muito maior para o carro que apresenta uma maior demanda, como os atletas de alta performance, para exercer toda essa potência a mais. Além disso, é comum que carros potentes necessitem de um combustível de maior octanagem, ou seja, de melhor qualidade. Com os atletas de alta performance, isso não poderia ser diferente! Sua alimentação deverá contemplar, além de uma maior quantidade, uma melhor qualidade do seu contexto alimentar.

Alimentação calórica

A alimentação de um atleta de alta performance está relacionada à rotina de seus treinos e a fatores correlatos. Pode variar de acordo com o momento em que está, se em competição ou não, por exemplo. Mas se pode afirmar que é uma alimentação mais calórica do que a da média da população. “Por exemplo, as recomendações que encontramos nas tabelas nutricionais nos rótulos de alimentos é baseada em uma dieta média de 2.000 Kcal. Atletas de alta performance, dependendo do tipo do esporte e da fase em que se encontram de treinamento/preparação para competições, podem necessitar de dietas que ultrapassem facilmente os 5.000Kcal”.

Redescobrindo o antigo

“O novo da nutrição é a redescoberta do que é antigo”, diz Rodrigo. Embora haja suplementos com excelentes evidências de atuar na melhora do desempenho ou recuperação do treino, uma boa alimentação, adequada e balanceada, ainda é a melhor tecnologia para melhorar a saúde e desempenho dos atletas. Para ele, é possível afirmar que esse é a maior novidade da nutrição para a população em geral e, principalmente, para atletas de alta performance. “Atualmente sabemos que não são apenas os macronutrientes (carboidrato, proteína e gordura) e micronutrientes (vitaminas e minerais) que atuam favorecendo o atleta. Vegetais e frutas são ricos em fitoquímicos que, basicamente, ‘ensinam’ nossas células a se recuperar de um treino intenso, por exemplo”.

Na prática, o atleta precisa ter cuidado no uso de suplementos alimentares. Se há vários suplementos necessários e benéficos, o excesso de alguns, por outro lado, pode ser prejudicial. “Doses elevadas de algumas vitaminas ou nutrientes antioxidantes podem diminuir a capacidade do corpo em se adaptar ao treinamento, adaptação esta que é extremamente necessária para o atleta de alta performance”, explica o nutricionista. Ele lembra, ainda, que deve-se evitar restrições alimentares extremas, bem como o overtraining, cuidando do descanso e mantendo uma alimentação adequada.

Alimentação e nutrição são individuais, dietas prontas não funcionam

Rodrigo constata que a maioria das pessoas que atende no consultório tentou seguir uma dieta por conta própria ou pegaram uma dieta pronta, recomendada por um amigo ou na internet. Os relatos não costumam variar e deixam uma lição: a alimentação e a nutrição são extremamente individuais e o acompanhamento nutricional é fundamental nesses casos. “Todos relatam as mesmas situações: não conseguiram seguir a dieta por muito tempo, seja porque não tiveram resultados, se sentiram fracos ou então não estavam acostumados a consumir aqueles alimentos da dieta”.

Dia Mundial de Luta Contra a Aids – 1º de dezembro

Dia Mundial de Luta Contra a Aids – 1º de dezembro

Alimentação saudável é parte importante do tratamento da pessoa que vive com HIV/AIDS

Dia Mundial de Luta contra a Aids é em 1º de dezembro e essa data marca, a cada ano, o esforço que envolve essa luta. O objetivo é refletir sobre o assunto, divulgando ações e promovendo o compartilhamento de informações e experiências

É válido afirmar que uma alimentação saudável é importante para todos, mas, para pessoas que vivem com HIV/AIDS, essa importância é maior ainda. Nesses casos, em que o organismo tem grande necessidade energética para combater infecções, alimentar-se inadequadamente pode levar a um sério quadro de perda de peso e massa muscular, ou até mesmo à subnutrição. Isso acontece porque o organismo precisa adquirir a energia de que precisa nas reservas acumuladas de gordura e proteínas corpóreas. E também de outras complicações que precisam ser consideradas nessas pessoas.

Para saber mais sobre esse tema, o Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região (CRN-8) conversou com a nutricionista e professora Aiane Sereno CRN-8 7284, profissional com experiência em Nutrição e HIV em âmbito hospitalar e ambulatorial. Ela é pós-graduada em Nutrição Clínica, mestre em Alimentação e Nutrição e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Interna do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR). Docente multidisciplinar de Graduação e Pós-Graduação em Nutrição é pesquisadora no Centro de Pesquisa Cline Research Center.

Destaca-se a importância do nutricionista

Aiane recomenda que todo paciente, logo após o primeiro diagnóstico, seja encaminhado ao profissional nutricionista para avaliação do seu estado nutricional. O planejamento alimentar deve ser equilibrado em carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais, como qualquer outro tipo de intervenção nutricional em outras doenças. “Contudo, é importante destacar a importância do consumo de alimentos de origem vegetal e com pigmentos naturais, tais como frutas e vegetais vermelhos, laranjas, amarelos e verdes escuros, além da cúrcuma e do gengibre, devido aos compostos ativos encontrados nesses alimentos e que podem fortalecer a imunidade, sendo esse o principal objetivo do tratamento”.

O acompanhamento nutricional é fundamental para quem vive com HIV/AIDS, principalmente no que diz respeito às modificações corporais denominadas “Síndrome da Redistribuição Gordurosa”. “Esse conjunto de alterações pode ser acompanhado por um quadro de dislipidemias e essas modificações metabólicas definem a diminuição da gordura nas regiões do rosto, braços, pernas, e nádegas e um acúmulo de gordura na região abdominal e hipertrofia mamária. Isso, além de outras complicações, como desmineralização óssea, disfunção hepática e desregulação do metabolismo da glicose”. Essas alterações metabólicas podem ser atenuadas, explica a nutricionista. Para isso, uma dieta adequada e exercícios físicos devem ser incluídos como parte do tratamento.

A relação entre alimentação e medicamentos

Com relação aos medicamentos, Aiane alerta para efeitos agudos que os antirretrovirais podem causar, como náuseas, vômitos, diarreia, constipação intestinal, cefaleia, inapetência, boca seca e/ou com feridas. “A alimentação pode ser o fator determinante para reduzir os efeitos colaterais e até mesmo melhorar a adesão do tratamento medicamentoso. No caso do Abacavir, fármaco utilizado como antiviral contra o HIV, é recomendada a administração com alimento, para diminuir a irritação gástrica. Outros medicamentos, Zidovudina, Efavirenz, Nevirapina e Amprenavir, por exemplo, podem ser ingeridos com ou sem a alimentação, no entanto, deve-se evitar a ingestão com alimentos gordurosos”.

Segundo Aiane, há fármacos que precisam ser ingeridos com alimentação, para ser melhor absorvidos pelo organismo, de preferência com alimentos gordurosos saudáveis, tais como o abacate, oleaginosas ou salada com azeite de oliva. E há os casos dos medicamentos que devem ser consumidos em jejum, para que haja melhor aproveitamento. No caso dos fitoterápicos, é fundamental haver orientação, do contrário podem haver problemas. Por exemplo, Eqüinácea, Kava-Kava e Ginko Biloba, não devem ser ingeridos sem orientação médica ou de um nutricionista especialista.

Suplementação vitamínica pode ser importante

Dependendo da fase da doença e do estado nutricional do paciente a suplementação vitamínica pode contribuir positivamente como reforço ao aporte nutricional. “Suplementos alimentares proteicos com aminoácidos essenciais são preconizados a fim de minimizar o catabolismo, principalmente naquelas pessoas com a AIDS já em progressão”.

Aiane acrescenta que a contribuição da suplementação de micronutrientes, principalmente a vitamina D e o cálcio, devem fazer parte da avaliação sistemática do metabolismo mineral, sendo consideradas necessária para essas pessoas, sempre sob orientação.

CRN-8 participa da Audiência Pública sobre a merenda escolar na ALEP

CRN-8 participa da Audiência Pública sobre a merenda escolar na ALEP

O Conselho Regional de Nutricionistas da 8º Região – CRN-8 participou ontem, 28/11, da audiência pública “Terceirização na Merenda Escolar”, realizada pela Assembleia Legislativa do Paraná – ALEP. O debate foi proposto pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos e da Cidadania da Assembleia, deputado Tadeu Veneri (PT).

De acordo com o deputado, a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEED) está propondo e, efetivamente, encaminhando o processo de terceirização da merenda escolar. Veneri salientou que há mais de 20 mil pequenos produtores paranaenses inscritos no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que serão prejudicados. Além disso, segundo ele, os estudantes podem perder a garantia de uma alimentação saudável. “Na lógica empresarial do secretário, a produção e a distribuição da merenda é um negócio e não um serviço público. Esta audiência pública tem o objetivo de mobilizar a população num movimento de resistência a essa proposta que prejudicará os estudantes e os agricultores familiares que fornecem os alimentos para as escolas da rede pública estadual”.

O nutricionista Alexsandro Wosniaki representou o CRN-8 na audiência e afirmou que a alimentação escolar pública deve ser incentivada e não terceirizada. Nesse sentido, salientou que há a necessidade de contratação de nutricionistas para que cada núcleo regional da SEED possa contar com um profissional capacitado e responsável pela alimentação escolar. Atualmente, o estado conta com um quadro de apenas quatro nutricionistas para as mais de 2100 escolas. “O Programa de Alimentação Escolar Paranaense já foi indicado a prêmios por sua eficácia. Representa um leque de oportunidades econômicas e socioambientais para toda a sociedade, pois fomenta a agricultura familiar, promove a compra direta do produtor de alimentos agroecológicos e orgânicos”.

A vice-presidente do Conselho Estadual de Alimentação Escolar – CEAE, a nutricionista Juliana Bertolin Gonçalves alerta sobre a importância do diálogo para que a proposta de terceirização seja mais clara. “A alimentação escolar do Paraná é uma das referências em gestão e aplicação dos recursos, além de possuir uma malha de oferta de produtos oriundos da agricultura familiar que corresponde a mais de 30%”. Ela também falou sobre a necessidade de ampliar os aspectos que a comida produzida na escola proporciona. “Aspectos estes que estão em consonância com a Segurança Alimentar e Nutricional – SAN e devem ser preservados e garantidos”.

Além do Deputado Tadeu Veneri e dos representantes do CRN-8, participaram da audiência o deputado Professor Lemos, a deputada Luciana Rafaing, representantes de pais, professores, estudantes, associações de agricultores familiares e o Poder Público, representado pelo Ministério Público.

Técnica em Nutrição e Dietética é a nova funcionária do CRN-8

Técnica em Nutrição e Dietética é a nova funcionária do CRN-8

A nova funcionária do Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região, Daiane Aparecida Carvalho Silva é Técnica em Nutrição e Dietética e ingressou na autarquia por meio do concurso público realizado pelo Instituto Quadrix.
Daiane iniciou as atividades no CRN-8 em outubro deste ano e, de acordo com ela, quando se candidatou estava em busca de uma oportunidade profissional. “No concurso vi uma chance para iniciar na profissão. Como profissional, me senti valorizada pelo fato do CRN-8 ter publicado um concurso específico para Técnico em Nutrição e Dietética. É animador saber que temos espaço para atuar”.
Ela conta que está muito feliz em fazer parte da equipe. “Espero contribuir em benefício do Conselho, da sociedade e dos nossos profissionais”.
Segundo a Gerente do CRN-8, Andréa Bonilha Bordin, “O setor de cadastro ganhou muito mais agilidade com a Daiane, ela assumiu o cargo de assistente técnico em nutrição e dietética e é uma profissional qualificada para a área”.

Dia Mundial do Combate ao Diabetes: Acesso aos cuidados: se não agora, quando?

14 de novembro – Dia Mundial do Combate ao Diabetes: Acesso aos cuidados: se não agora, quando?

O Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, foi uma data escolhida pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para reforçar a conscientização a respeito da doença. O propósito é evidenciar a importância da prevenção e oferecer alternativas para as dificuldades enfrentadas pelos pacientes diabéticos.

Em cada ano, um tema é definido para a campanha e, em 2021, o escolhido é “Acesso aos cuidados: se não agora, quando?”, que remete à importância de que pacientes com diabetes tenham acesso garantido à insulina, medicação oral, educação, suporte psicológico, a nutrição, atividade física e a automonitorização.

Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos). É superado apenas pela China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A estimativa da incidência da doença em 2030, em nosso país, chega a 21,5 milhões e, enquanto um em cada dez adultos vive com diabetes, metade não sabe do diagnóstico.

Você conhece seus direitos?

Conforme estabelecido na Lei Federal 11.347/2016, em seu artigo primeiro, “Os portadores de Diabetes receberão, gratuitamente, do Sistema Único de Saúde – SUS, os medicamentos necessários para o tratamento de sua condição e os materiais necessários à sua aplicação e à monitoração da glicemia capilar”. Porém, o artigo segundo da mesma Lei, salienta que o Ministério da Saúde (MS) selecionará uma lista de medicamentos e materiais para fornecimento gratuito, que está definida na Portaria 2583/2007 do MS.

Alguns municípios e estados, por iniciativa própria, ampliam essa lista, fornecendo ao paciente itens que não constam na mencionada Portaria. Isso acontece por meio de normas regionais e programas estaduais de dispensação de medicamentos.

Terapia Nutricional também é um direito

O Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região conversou com a nutricionista Deise Regina Baptista, que tem vasta experiência no atendimento ao paciente diabético. Segundo ela, a terapia nutricional é uma das partes mais desafiadoras do tratamento e das estratégias de mudança do estilo de vida. “A relevância da nutrição no tratamento do diabetes mellitus (DM) tem sido enfatizada, bem como o seu papel desafiador na prevenção, no gerenciamento da doença e na prevenção do desenvolvimento das complicações decorrentes”.

Deise afirma que pessoas com diabetes devem exigir consultas regulares com nutricionista especializado em DM. Ela recomenda que, ao perceber os primeiros sintomas, deve-se procurar o posto de saúde e requerer acompanhamento nutricional especializado, a fim de garantir o Direito a Alimentação Adequada e Saudável no tratamento. “De forma individualizada, esse profissional definirá o plano alimentar e as escolhas alimentares para melhor controle glicêmico, pressórico, de lipídeos e peso, reduzindo o risco de complicações macro e microvasculares”.

A SAÚDE DO HOMEM – Novembro Azul: mês mundial de combate ao câncer de próstata

A SAÚDE DO HOMEMNovembro Azul: mês mundial de combate ao câncer de próstata

Escolhas saudáveis de alimentação fazem diferença na proteção contra o adoecimento. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), a alimentação inadequada é a segunda causa do adoecimento por câncer.

Com a chegada do Novembro Azul, a conscientização contra o câncer de próstata e a discussão sobre meios de prevenção se tornam cada vez mais frequentes. A taxa de incidência desse tipo de doença é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. No Brasil, de acordo com a Associação Saúde da Próstata, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. O mais assustador é que, em valores absolutos, considerando o aparecimento dos diversos tipos de câncer em ambos os sexos, o de próstata é, ainda, o segundo tipo mais comum.

Ney Felipe Fernandes (CRN-8 nº 4085), conselheiro do CRN-8, fala sobre a importância das frutas, principalmente as ricas em licopeno, como melancia e goiaba, para estimular a capacidade antioxidante do organismo. Segundo ele, o aumento de incidência das doenças crônicas não transmissíveis está bem documentado. “Temos, dentre elas, a diabetes, as cardiopatias, doenças neurológicas, as doenças pulmonares e o câncer, que é uma anomalia em nível molecular: a célula apresentando um comportamento anômalo, ‘se recusa’ a ser substituída”.

Importante consumir frutas ricas em licopeno

Falar em prevenção do câncer implica em observar a diminuição de determinados fatores de risco, evitando a “medicamentalização” do alimento. Um estilo de vida saudável é importante para evitar a inflamação clínica de baixo grau e o consumo de frutas fortalece a capacidade antioxidante do organismo. No mesmo sentido, estimular o encurtamento telomérico de células cancerígenas, como faz o brócolis, pode ser fundamental.

A melancia, além de ser uma boa fonte de cis-licopeno (4,5mg/100g), é também fonte de citrulina, o que ajuda na perfusão sanguínea e na saúde cardiovascular, o que pode ser muito importante, já que os homens são mais predispostos a eventos cardiovasculares. “Para a saúde da próstata parece ser interessante o consumo de frutas ricas em licopeno, esse carotenoide muito especial que já demonstrou, em estudos prévios, modular a atividade da 5 alfa-redutase. A goiaba também é uma fruta riquíssima em licopeno, chegando até a 6mg/100g de fruta, dependendo do cultivo. Temos ainda o tomate e o mamão como boas fontes de licopeno”.

Sistema CFN/CRN é recebido por deputado federal da Comissão que analisa a Lei dos Planos de Saúde

Sistema CFN/CRN é recebido por deputado federal da Comissão que analisa a Lei dos Planos de Saúde

O Deputado Federal Reinhold Stephanes Junior (PSD) recebeu ontem, 25/10, para falar sobre a aprovação do PL 5881/2019, o conselheiro Alexsandro Wosniaki, representante do CRN-8 no CFN. Além do conselheiro, também estavam presentes, a gerente, a coordenadora técnica e a assessora de comunicação do CRN-8 Andréa Bonilha, Carolina Bulgacov e Karina Ernsen.

O Conselheiro Federal Alexsandro Wosniaki falou da importância da aprovação do projeto para a sociedade e para a atuação do nutricionista: “O projeto prevê mais do que a atuação do Nutricionista na sua integralidade, mas a garantia do beneficio à sociedade, pois o nutricionista trabalha com prevenção e promoção da saúde, e desta forma seriam assegurados todos os recursos terapêuticos, possibilitando um diagnóstico nutricional e uma prescrição dietoterápica adequada.”

Reinhold Stephanes Jr. recebeu a Nota Técnica do sistema CFN/CRN e afirmou ser a favor da aprovação do projeto e afirmou estar ao lado dos nutricionistas do Paraná. “Além de ser um projeto importante para os nutricionistas, também beneficia toda a sociedade”.

A apresentação do relatório final da comissão pode ser feita a qualquer momento. Caso seja aprovado, o PL 5.881/2019 ainda será enviado para o Plenário da Câmara dos Deputados para ser votado pelo parlamento e, depois, no Senado Federal.

Guide to Million Dollar Success