NUTRICIONISTAS EXERCEM PAPEL FUNDAMENTAL PARA ATENDER CRIANÇAS EM TRATAMENTO DE CÂNCER

NUTRICIONISTAS EXERCEM PAPEL FUNDAMENTAL PARA ATENDER CRIANÇAS EM TRATAMENTO DE CÂNCER

O câncer representa a primeira causa de morte por doenças entre crianças e adolescentes no país. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos pela doença podem ser curados se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados, disponíveis em todo o Brasil, de forma integral e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda de acordo com estimativas do INCA, devem ocorrer um total de 8.460 casos de câncer infantojuvenil no Brasil em 2022.

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

            Neste 23 de novembro celebra-se o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, instituído no país desde 2008. Toda criança que está em tratamento de algum tipo de tumor deve receber atendimento nutricional especializado, conforme orienta o Conselho Regional de Nutricionistas do Paraná (CRN-8). É por meio da atuação do nutricionista que a criança conseguirá passar pelo tratamento com qualidade de vida.

            “A criança com câncer está em fase de crescimento e desenvolvimento. Por isso, é de extrema importância ofertar uma terapia nutricional adequada nesse momento para evitar danos no futuro”, explica a nutricionista do Hospital Pequeno Príncipe, Rosa Pedrozo.

            O acompanhamento nutricional desses pacientes é fundamental para realizar a avaliação antropométrica das crianças, que objetiva verificar se peso, altura e Índice de Massa Corporal (IMC) estão adequados para a idade. “O nutricionista também deve monitorar a ingestão alimentar e os efeitos adversos induzidos pela quimioterapia e iniciar precocemente terapia nutricional oral (suplementação) ou terapia nutricional enteral (dieta através de sonda), se necessário”, explica Rosa.

            DIETA ADEQUADA

            Durante o tratamento, principalmente a quimioterapia, a implantação de uma dieta adequada tem papel importante em relação aos efeitos adversos causados pelo procedimento. “Em casos de mucosite, que são feridas na boca, a preferência é por alimentos não ácidos, macios, pastosos, sem condimentos, frios e gelados”, exemplifica a nutricionista.

             A criança em tratamento de câncer pode, também, apresentar neutropenia (baixa imunidade). “Por causa dessa condição é indicado uma dieta neutropênica, que corresponde à exclusão de alimentos

com maior potencial micro-organismo patogênicos”, explica Rosa. Nesses casos, recomenda-se: evitar iogurtes e leite fermentados; não consumir castanhas, amendoim, amêndoas, nozes e mel; consumir frutas verduras e legumes somente cozidos; utilizar água potável, fervida ou mineral; utilizar leite em pó, em embalagem tetrapack e queijos somente pasteurizados; e ingerir carnes e ovos apenas bem cozidos.

            Além disso, ela ressalta que os efeitos adversos induzidos pelo tratamento de câncer incluem náuseas, vômitos, diarreia, perda de apetite, esofagite, dificuldade de engolir e alteração no paladar. “Essas situações devem ser avaliadas de maneira precoce e criteriosa pelo nutricionista com intuito de estabelecer a conduta adequada para minimizar essas intercorrências”, salienta Rosa.

            A DATA

A data foi instituída com o objetivo de estimular ações educativas e preventivas relacionadas ao câncer infantil e promover debates sobre as políticas públicas de atenção integral às crianças com câncer. Também tem como proposta apoiar as atividades organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil em prol das crianças com câncer; difundir os avanços técnico-científicos relacionados ao câncer infantil; e apoiar as crianças com câncer e seus familiares.

Hábitos nutricionais saudáveis ajudam na prevenção do câncer

Hábitos nutricionais saudáveis ajudam na prevenção do câncer

Hábitos nutricionais saudáveis contribuem para reduzir a incidência de câncer entre as pessoas. Pesquisas indicam que cerca de 30% dos casos de câncer podem ser prevenidos por um modo de vida mais saudável. A orientação é manter uma dieta rica em vitaminas e minerais. “Vários estudos sugerem que há associação do excesso de gordura com o aparecimento do câncer, além disso vários estudos têm associado à obesidade como fator de risco para o desenvolvimento de câncer de ovário e próstata”, explica a nutricionista Camila Polakowski, que atua no hospital especializado em tratamento oncológico Erasto Gaertner, de Curitiba.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que o Brasil terá 65.840 casos novos de câncer de próstata em 2022. Em relação ao câncer de mama, a estimativa é de 66.280 novos diagnósticos. Durante o mês outubro, por exemplo, foi realizada a campanha “Outubro Rosa”, um movimento internacional de conscientização para a detecção precoce do câncer de mama, além disso há a campanha “Novembro Azul” que foca na conscientização do câncer de próstata. Em 2021, o Brasil registrou 50 mortes por dia, provocadas pelo câncer de mama e 44 causadas pelo câncer de próstata.

O câncer de mama é o tipo que mais afeta as mulheres, seja em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Já o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer que mais aflige os homens.

Uma pesquisa de opinião pública sobre as percepções em relação ao câncer, feita em 2020 pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), revelou que 70,4% dos brasileiros não reconhecem a atividade física como fator de proteção contra a doença e que 69,5% não associam o excesso de peso à maior chance de desenvolver tumores malignos. Essa informação foi publicada em junho pela Agência Brasil. “Primeiramente, deve-se manter o estado nutricional adequado, com a ‘comida de verdade’, incluindo macro e micronutrientes, rica em vitaminas e minerais”, afirma Camila.

Para prevenir o câncer, o Inca recomenda que a população mantenha, ao longo da vida, o peso corporal dentro dos limites recomendados de índice de massa corporal (IMC). O limite saudável para adultos é o IMC de 18,5 a 24,9 kg/m. O Inca aponta que o índice de adultos com excesso de peso, que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS), aumentou de 47% para 58%, em homens, e de 48% para 59%, em mulheres. Os dados comparam a Pesquisa de Orçamento Familiar de 2008-2009 e da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019.

EM TRATAMENTO

Hábitos nutricionais saudáveis não são essenciais apenas para a prevenção do câncer, mas se mostram indispensáveis durante o tratamento da doença. “Durante o tratamento oncológico, devido as alterações metabólicas o paciente pode apresentar inapetência (falta de apetite)”, explica Camila.

Para isso, o Consenso de Nutrição Oncológica sugere algumas práticas na conduta nutricional para o paciente, tais como: conversar com o paciente e o acompanhante sobre a importância da alimentação; adequar as orientações nutricionais às preferências do paciente; adequar a ingestão atual para a ideal ou o mais próximo possível; modificar a consistência da dieta conforme aceitação do paciente; quando necessário, aumentar o fracionamento da dieta; aumentar a ingestão de alimentos com elevada densidade calórica; e evitar a monotonia alimentar, oferecendo pratos coloridos e diversificados.

“Quando o paciente recebe o diagnóstico de câncer, deve ser encaminhado ou procurar uma nutricionista para iniciar o acompanhamento nutricional. A triagem e avaliação nutricional deve ser o primeiro passo para identificar o paciente em risco ou já desnutrido para inovar a terapia nutricional. Na dietoterapia, além da ajuda da dieta, podemos ainda utilizar suplementação oral e ainda, se necessário, terapia nutricional  enteral (por meio de tubo ou sonda)”, explica a nutricionista.